Elementos fundamentais que compõem a “agenda vicentina”

por | out 6, 2023 | Formação, Reflexões | 0 Comentários

Muitas vezes, somos confrontados por posturas consideradas “politicamente corretas”, mas que, na verdade, vão na direção contrária dos princípios evangélicos. Essa é a definição clássica de “agenda global”, defendida por sociedades “ditas avançadas”, pela mídia e por partidos políticos que seguem a ideologia mundana. Por exemplo, quando uma nação, via Judiciário ou Legislativo, aprova a liberação das drogas, a “morte assistida” (eutanásia), a destruição da família (conflito de gêneros) e o assassinato de bebês (aborto), está seguindo à risca essa “agenda de morte”.

Para combater essa tendência, nós, membros da Sociedade de São Vicente de Paulo e da Família Vicentina, somos convidados a difundir uma agenda alternativa, por meio das nossas atitudes, comportamentos e opiniões, a chamada “agenda vicentina”, que acima de tudo é uma postura baseada nos ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Dentro das premissas constantes nessa agenda, podemos destacar três elementos essenciais que a distingue: a justiça social, a ética e a empatia. São condições fundamentais que funcionam como remédio frente às mazelas do mundo moderno, assim como Jesus é a luz e o sal do mundo (Mateus 5, 13-14).

Defender a justiça social e a caridade significa resolver os problemas sociais da humanidade com base na Doutrina Social que a Igreja definiu no final do século XIX e que teve (e tem) Antônio-Frederico Ozanam como um de seus maiores expoentes. A caridade vem na sequência, mas é a justiça social que traz paz às sociedades, gerando um ambiente propício ao desenvolvimento do ser humano. O acesso às oportunidades e aos direitos sociais (educação, saúde, segurança e emprego) deveriam ser realidade para todos os filhos de Deus, especialmente para os mais vulneráveis e excluídos.

A agenda vicentina também está impregnada de ética e dos valores cristãos, assim como das virtudes vicentinas e dos sacramentos. Por isso, falar de humildade e simplicidade num mundo tão egoísta, individualista e materialista não é missão fácil, e vai desagradar a muita gente que propaga a outra agenda, a agenda da vaidade e agenda da indiferença. Muitos tentarão calar a voz de quem defende a agenda cristã! Pregar a palavra de Jesus Cristo, evangelizar os meios de comunicação, propor uma vida mais simples, cuidar do meio ambiente, tudo isso é considerado um escândalo para o mundo atual, focando no dinheiro, nas gerras e no poder.

O terceiro elemento fundamental da agenda vicentina é a empatia, que traz consigo o conceito de respeito integral às pessoas. Enquanto na agenda mundana as pessoas são divididas e hostilizadas entre si (homens contra mulheres, filhos contra pais, brancos contra negros, pobres contra ricos, estudantes contra professores, etc), a agenda vicentina trata a todos com igualdade e mérito, sem fazer distinção de pessoas (Atos 10, 34-44), pois Deus nos deu a capacidade de crescer e de prosperar na vida, independente da nossa condição socioeconômica. Não somos produto nem “resultado social” do meio em que estamos inseridos!

Podem parecer relativamente simples os princípios da “agenda vicentina”, mas nem sempre conseguimos fazer com que esse pensamento seja majoritário na sociedade civil. A mídia, os partidos políticos e o menosprezo com o sagrado conseguem, às vezes, ser mais influentes que a pauta cristã. Mas temos que seguir firmes nessa caminhada, combatendo o mal que está aí ao nosso lado, enfronhado em praticamente tudo, como o joio e o trigo (Mateus 13, 24-46), especialmente na cultura, na ciência, as artes, na imprensa, na política e na educação.

É por essa razão que nós, vicentinos, precisamos estar bem atentos, no nosso dia a dia, especialmente nos momentos cívicos e eleitorais, para evitar que a agenda do mundo ganhe força e prevaleça sobre a agenda cristã. Eleger representantes que pensam assim ao defenderem a agenda mundana é praticamente dar um tiro no pé. Sabemos que não é uma tarefa fácil, porém Deus nos deu o discernimento necessário para não cair nas armadilhas do maligno. Repudiar a tudo que é contra a vida, contra Deus e contra a dignidade do ser humano é, efetivamente, a nossa missão, como batizado e como vicentino. Só assim, alcançaremos a santidade e construiremos um mundo melhor, mais fraterno e humano.

Deus nos deixou a mensagem da salvação, por meio de Nosso Senhor Jesus Cristo. É uma proposta de vida bem cristalina. Sem dúvida alguma, é uma proposta muito clara sobre o que é certo ou errado. Não há meias verdades ou meios entendimentos. O perdão e a reconciliação são para todos, assim como Jesus disse: “Vá e não peques mais” (João 8, 11). Mas o pecado afasta o homem de Deus. Por isso, ser radical (isto é, regressar à raiz das coisas) é o caminho seguro para entrar no céu.

Em resumo, a agenda vicentina vai na contramão da agenda do mundo, sendo ambas inconciliáveis. Devemos nos fortalecer espiritualmente para defender, em todos os lugares, o tempo todo, a mensagem de amor e de caridade que Nosso Senhor Jesus Cristo veio pregar, levando o carisma vicentino a todos os lugares e ocasiões.

Confrade Renato Lima de Oliveira,
Comissário da SSVP nas Nações Unidas e 16º Presidente-geral Internacional da SSVP (2016/2023)

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