Sinodalidade: Um Caminho Compartilhado com os Pobres no Coração da Igreja #famvin2024

por | ago 15, 2024 | Famvin 2024, Formação | 0 Comentários

Reflexões sobre os temas a serem abordados na Reunião da Família Vicentina em Roma.
Periodicamente, apresentaremos a você uma reflexão sobre um dos temas relacionados à convocação da Família Vicentina que ocorrerá em Roma, de 14 a 17 de novembro de 2024.

 

O artigo intitulado “Os pobres em uma Igreja sinodal”, de Juan Pablo García Maestro, OSST, publicado na edição 189 da revista Sinite e disponível em espanhol neste link, trata da importância da sinodalidade na Igreja e de como ela deve se concentrar especialmente nos pobres. A seguir, um resumo do artigo:


 

Desde o início de seu pontificado, o Papa Francisco tem enfatizado a importância do Sínodo como um dos legados mais valiosos do Concílio Vaticano II. Essa visão, profundamente enraizada na tradição eclesial, sustenta que a sinodalidade não é uma moda passageira, mas uma característica essencial da própria Igreja. Em um contexto em que o mundo enfrenta desafios sociais e econômicos crescentes, a abordagem sinodal exige que os pobres ocupem um lugar central na caminhada conjunta da Igreja.

Sinodalidade e Sua Profunda Conexão com o Concílio Vaticano II

O Concílio Vaticano II foi um marco que buscou revitalizar a vida da Igreja, promovendo uma participação mais ativa de todo o povo de Deus. Este concílio não apenas convidou ao retorno às fontes do Evangelho, mas também estabeleceu um quadro para que a Igreja funcionasse de maneira mais colegiada e sinodal. A sinodalidade, como enfatizado pelo Papa Francisco, é uma dimensão constitutiva da Igreja, baseada na igualdade e dignidade de todos os batizados, chamados a participar ativamente na missão da Igreja.

Jean-Marie Tillard, teólogo dominicano, alertou sobre o perigo de reduzir conceitos profundos como a sinodalidade a meros slogans. Segundo ele, a vida da Igreja tem sido sujeita a modas que muitas vezes não conseguem alcançar uma verdadeira conversão duradoura. Nesse sentido, a sinodalidade não deve ser vista como uma novidade temporária, mas como uma expressão genuína do Evangelho, que chama todos os crentes a viver em comunhão e corresponsabilidade.

O Exemplo de Jesus e a Transformação da Autoridade na Igreja

O artigo destaca que a sinodalidade tem suas raízes na figura de Jesus, que transformou a noção de autoridade por meio de seu exemplo de serviço e humildade. Jesus não apenas pregou sobre a igualdade, mas a viveu compartilhando sua vida com os pobres e marginalizados. Seus ensinamentos sobre humildade e serviço, como lavar os pés de seus discípulos, são modelos para a vida sinodal da Igreja.

A vida comunitária da primeira Igreja, descrita nos Atos dos Apóstolos, é apresentada como um primeiro exemplo de sinodalidade. A comunidade cristã primitiva vivia em comunhão, compartilhando seus bens e cuidando dos mais necessitados. Esse “nós-eclesial”, como o autor chama, deve ser o modelo para a Igreja de hoje, uma Igreja que vive em comunhão espiritual e material.

O Concílio de Jerusalém: Um Primeiro Exemplo de Sinodalidade

O Concílio de Jerusalém, narrado no livro dos Atos, é apresentado como o primeiro exemplo de sinodalidade na história da Igreja. Nesse concílio, os apóstolos e anciãos se reuniram para resolver um conflito crucial: se os gentios deveriam seguir as leis judaicas para se tornarem cristãos. A decisão, tomada coletivamente e sob a orientação do Espírito Santo, mostrou um processo sinodal em que a comunidade participou ativamente e buscou uma solução que respeitasse diferentes perspectivas.

Este exemplo destaca como a sinodalidade não se trata apenas de evitar conflitos, mas de resolvê-los de maneira inclusiva e participativa. A Igreja, ao viver sinodalmente, deve ser capaz de acolher e ouvir as diversas vozes dentro da comunidade, sempre buscando o bem comum e guiada pelo Espírito Santo.

Os Pobres como Prioridade em uma Igreja Sinodal

O Papa Francisco colocou os pobres no centro de seu ministério, apontando que uma Igreja sinodal deve caminhar ao lado deles. Os pobres não são apenas objetos de caridade; eles têm muito a ensinar à Igreja. Francisco insiste que todos devem se deixar evangelizar pelos pobres, que, ao compartilhar o mesmo destino de Jesus, oferecem uma perspectiva única e valiosa da fé.

A sinodalidade exige uma conversão contínua em direção a uma Igreja que não apenas fala em nome dos pobres, mas age ao lado deles, compartilhando suas lutas e aprendendo com sua sabedoria. Essa abordagem é especialmente relevante em um mundo onde a cultura do descarte marginaliza os mais vulneráveis. A Igreja é chamada a ser um sinal de esperança, caminhando com os pobres e trabalhando por um mundo mais justo e fraterno.

Dia Mundial dos Pobres: Um Convite à Ação

Em sua mensagem para o 5º Dia Mundial dos Pobres, o Papa Francisco reafirmou seu compromisso com os mais necessitados. Para ele, os pobres são os verdadeiros mestres da Igreja, que, com seu exemplo, nos ensinam a viver o Evangelho de forma autêntica. Jesus, ao se identificar com os pobres, nos lembra que sua presença é constante entre nós e que nossa resposta não pode ser a indiferença.

O Dia Mundial dos Pobres é uma oportunidade para toda a Igreja refletir sobre seu papel na sociedade e como pode contribuir para uma mudança real na vida dos mais desfavorecidos. Francisco convida todos os fiéis a serem participantes ativos nesta missão, não apenas através da caridade, mas também promovendo justiça e dignidade para todos.

Fraternidade: Um Novo Paradigma para o Diálogo Inter-religioso

O artigo conclui destacando a importância da fraternidade como o novo paradigma para o diálogo inter-religioso no novo milênio. A sinodalidade não é apenas relevante dentro da Igreja, mas também tem implicações para as relações com outras religiões. Ao se identificar com os últimos, a Igreja pode ser uma ponte de fraternidade universal, promovendo a paz e a compreensão entre diferentes culturas e crenças.

Nesse sentido, a sinodalidade não é apenas um convite à unidade dentro da Igreja, mas também um compromisso com a humanidade como um todo. Vivendo em fraternidade, a Igreja se torna uma testemunha do amor de Deus, unindo todas as pessoas em um esforço comum por justiça e paz.

Conclusão

O artigo de Juan Pablo García Maestro apresenta uma visão profunda da sinodalidade como uma dimensão essencial da vida da Igreja. Através de exemplos históricos e ensinamentos do Papa Francisco, destaca-se como uma Igreja verdadeiramente sinodal deve colocar os pobres no centro de sua missão. Essa sinodalidade, enraizada no Evangelho e na tradição eclesial, é um convite a todos os crentes para viverem em comunhão, participando ativamente da vida da Igreja e na construção de um mundo mais justo e fraterno.


Clique na imagem abaixo para acessar todas as informações sobre a Segunda Convocação da Família Vicentina, de 14 a 17 de novembro de 2024, em Roma, Itália:

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