Ozanam: “As Origens do Socialismo”

por | out 25, 2022 | Formação, Renato Lima | 2 Comentários

Antônio-Frederico Ozanam, um dos sete fundadores da Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP), fez parte de uma jovem geração católica intelectual, profundamente idealista e ativa, social e politicamente. Sua vida foi marcada pela fé e pela santidade, que recebeu do testemunho vibrante de seus pais, e que demonstrou, primeiro como estudante e, depois, como professor, por meio de seus escritos históricos e literários, em que sempre defendeu o cristianismo, a família, a vida, a dignidade da pessoa humana por meio do trabalho, a democracia e o cuidado com os mais humildes.

O momento histórico em que Ozanam estava inserido foi marcado por muitas mudanças políticas, com a ascensão do liberalismo econômico, coexistindo com o materialismo, o positivismo e o marxismo. As próprias “Conferências de Caridade” poderiam ser consideradas as pioneiras do movimento social católico, com a finalidade de aliviar os efeitos da Revolução Industrial junto aos trabalhadores. Ele também é considerado o precursor da Doutrina Social da Igreja (Encíclica “Rerum Novarum”), devido à atuação que teve na defesa dos direitos dos operários, das mulheres e das crianças.

Ozanam escreveu 11 livros e centenas de artigos, livretos, crônicas, opúsculos e folhetos. Um deles, escrito em setembro de 1848, intitula-se “As Origens do Socialismo” (publicado no jornal “Era Nova”), no qual, em 28 páginas, o nosso beato aborda essa questão com maestria, alertando sobre os perigos dessa ideologia. Esse artigo foi escrito exatamente quando Karl Marx e Friedrich Engels publicavam o “Manifesto Comunista”. Ozanam também rechaçou outras heresias e doutrinas contrárias à Igreja, como as ideias defendidas por filósofos como Claude-Henri de Rouvroy (o famoso Conde de Saint-Simon), François-Marie Charles Fourier, Pierre-Joseph Proudhon e Edward Gibbon.

Ozanam estava convencido da necessidade de reformas sociais urgentes, porém pacíficas, para impedir a exploração da classe trabalhadora mais pobre. Ele considerava que apenas a justiça social e a caridade poderiam resolver esse dilema, juntas, afastando soluções como aquelas propostas tanto pela velha escola econômica liberal quanto pelas abordagens tentadoras do socialismo nascente.

Através do livreto “As Origens do Socialismo”, Ozanam chegou à convicção de que o cristianismo era a única maneira de alcançar o ideal de fraternidade entre os homens, sem sacrificar sua liberdade e dignidade, e seria também a única maneira de buscar a felicidade aqui na terra, sem renunciar à esperança de se alcançar maior felicidade nos céus.

Ele escreveu assim sobre o socialismo: “Não desconhecemos a generosidade dessas ilusões, mas vemos o perigo que elas representam. Como todas as doutrinas que perturbaram a paz do mundo, o socialismo não tem outra força senão a de muitas verdades misturadas com muitos erros. Esta confusão lhe dá uma aparência de novidade que deslumbra os espíritos fracos. É hora de mostrar que é possível defender a causa do proletariado, de se dedicar ao alívio das classes sofredoras, de buscar a abolição da pobreza, sem ser solidário com as pregações que ainda nos prendem a nuvens sombrias”.

A santidade de Ozanam também se manifesta nos escritos dele. A lucidez do seu pensamento converte corações, não só em seu tempo, mas, sobretudo, atualmente. É por isso que temos Ozanam como nosso grande inspirador, mestre notável e exemplo para a Sociedade de São Vicente de Paulo e para a Família Vicentina. No próximo mês, publicaremos uma síntese do livro “Uma peregrinação ao País de El Cid”, também de autoria de Ozanam.

Clique abaixo para ler o texto, disponível em língua espanhola, inglesa e francesa:

Renato Lima de Oliveira
16º Presidente-geral Internacional
Sociedade de São Vicente de Paulo

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2 Comentários

  1. JOSE MARIA DA COSTA

    Consciente que o mal nem sempre vem com a detestável aparência malvada, o beato Ozanam nos premia com esta sublime e atualíssima a síntese a respeito da proposta sofismática embutida no Socialismo: “Não desconhecemos a generosidade dessas ilusões, mas vemos o perigo que elas representam. Como todas as doutrinas que perturbaram a paz do mundo, o socialismo não tem outra força senão a de muitas verdades misturadas com muitos erros. Esta confusão lhe dá uma aparência de novidade que deslumbra os espíritos fracos. É hora de mostrar que é possível defender a causa do proletariado, de se dedicar ao alívio das classes sofredoras, de buscar a abolição da pobreza, sem ser solidário com as pregações que ainda nos prendem a nuvens sombrias”. Obrigado, querido Ozanam.

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  2. Átila Jr

    Texto super esclarecedor! Como vicentino fico aliviado em saber que o nosso fundador condenava o socialismo. Essa ideologia nos engana ao promover a revolução da classe operária. Mas as consequências para essa revolução causam mais pobreza e privação da liberdade.

    Responder

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