A verdadeira face de São Vicente

por | jan 20, 2022 | Notícias | 1 Comentário

Pesquisadores do Centro de Tecnolo­gia da Informação Renato Archer, de Campinas (Brasil), se debruçam sobre reconstrução facial do santo francês.

Réplica de cera que está no túmulo do santo patrono das obras de caridade, na Igreja de São Lázaro, em Paris: trabalho do CTI de Campinas vai mostrar se reprodução é fiel à realidade

Os devotos do francês São Vi­cente de Paulo, após mais de três séculos de sua morte, po­derão conhecer como era o rosto do patrono de todas as obras de caridade da Igreja Ca­tólica. O Centro de Tecnolo­gia da Informação Renato Archer (CTI), em Campinas, fará a im­pressão tridimensional em ta­manho real do busto desse santo que morreu em 1660 e está sepultado na capela-mãe da Igreja de São Lázaro, em Paris. O trabalho vai permitir aos devotos comparar se a imagem de cera que hoje reco­bre os restos mortais de São Vicente é fiel ao que ele era em vida.

Especialistas em odontologia e plástica participam do projeto

A reconstrução do rosto do santo será feita a partir de fotografias do crânio que fo­ram tiradas em 1960, na últi­ma vez que foi exumado para o reconhecimento da relí­quia pela Igreja Católica, nas celebrações dos 300 anos de sua morte. Os negativos em preto e branco estão sob a guarda da DePaul University, em Chicago, nos Estados Uni­dos. Com a autorização do uso das fotos pela universida­de, e da Igreja Católica, o de­signer 3D e especialista em reconstrução facial Cícero Moraes, do Paraná, remon­tou o crânio.


Fotos do crânio de São Vicente de Paulo foram tiradas em 1960: é a partir delas que a reconstrução será feita.

As imagens recebidas fo­ram transferidas para o com­putador e os registros passa­ram a ser cruzados graças a um algoritmo e geraram uma nuvem de pontos com o volu­me do crânio, que foi conver­tida em uma malha 3D com superfície. Essa está sendo a base para a criação de uma es­cultura digital, que dará vida a um busto impresso com a face aproximada que recria a identidade visual do santo.

“No caso de São Vicente de Paulo, nós vamos triangu­lar uma série de pontos a par­tir das fotografias; e tendo co­mo referência esses pontos, nós projetaremos qual seria a espessura do tecido mole (músculos, gorduras e pele), a dimensão do nariz, o tama­nho dos lábios e a posição dos olhos”, disse

Cícero está contando com a ajuda de uma equipe de es­pecialistas da Universidade de São Paulo (USP) em odon­tologia legal, cirurgia plástica e antropólogos que levanta­ram as informações de como era a face que recobria o crâ­nio e que estará no busto que o CTI irá imprimir.

Em Campinas, tecnologias de impressão tridimensional com uso de laser serão usa­das para imprimir o rosto em poliamida, um tipo de nylon muito fino — as partículas têm 40 microns de diâmetro. Camada por camada do rosto será impressa. O busto sairá do CTI branco, e por isso foi necessário um trabalho mais detalhado para dar cor, como ocorreu na reconstrução de Madre Paulina.

Ainda não há uma data pa­ra finalização do trabalho e apresentação do resultado. A equipe de pesquisadores que desenvolve o projeto é a mes­ma envolvida nas reconstru­ções dos rostos de Maria Ma­dalena, Santo Antônio de Pá- dua e Madre Paulina. O proje­to é intermediado por José Luís Lira, que é hagiólogo (es­tuda a vida dos santos).

Ele conviveu com a miséria e decidiu lutar contra ela

Segundo a história do santo, São Vicente de Paulo nasceu na Aquitânia (França) em 1581, tempo em que a França era uma potência, porém convivia com as crianças abandonadas, prostitutas, pobreza e ruínas causadas pelas revoluções e guerras. Grande sacerdote, gerado numa família pobre e religiosa, ele não ficou de braços cruzados e se deixou mover pelo espírito de amor. Como padre, trabalhou numa paróquia onde conviveu com as misérias materiais e morais; e esta experiência lhe abriu para as obras da fé. Numa viagem foi preso e, segundo conta a história, viveu na escravidão até converter seu patrão e conseguir, depois de dois anos, sua liberdade. A partir disso, São Vicente de Paulo iniciou a reforma do clero, com a execução de obras assistenciais, luta contra o jansenismo que esfriava a fé do povo e a estragava com seu rigorismo irracional. Fundou também a Congregação da Missão (lazaristas) e, unido a Santa Luísa de Marillac, edificou as Filhas da Caridade (irmãs vicentinas). Morreu quase octogenário, a 27 de setembro de 1660. Hoje, o termo “vicentino” está ligado a trabalhos assistenciais ligados à Igreja Católica em todo o mundo. (MTC/AAN)

Maria Teresa Costa,
DA AGÊNCIA ANHANGUERA
Fonte: Correio Popular A7

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1 Comentário

  1. Enzio Henrique Duarte Ribeiro

    Assim poderemos imaginar, como era o rosto do Monsieur Vicente (como as filhas da Caridade o chamavam) ao encontrar os outros, e como ele sendo Padre se comportava: Ao se tornar mais misericordioso, mais compreensivo, mais disponível e superando a sua ‘rigidez’ de jovem (antes do chamado a vocação de serviço aos Pobres).

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