Pesquisadores do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer, de Campinas (Brasil), se debruçam sobre reconstrução facial do santo francês.
Os devotos do francês São Vicente de Paulo, após mais de três séculos de sua morte, poderão conhecer como era o rosto do patrono de todas as obras de caridade da Igreja Católica. O Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI), em Campinas, fará a impressão tridimensional em tamanho real do busto desse santo que morreu em 1660 e está sepultado na capela-mãe da Igreja de São Lázaro, em Paris. O trabalho vai permitir aos devotos comparar se a imagem de cera que hoje recobre os restos mortais de São Vicente é fiel ao que ele era em vida.
Especialistas em odontologia e plástica participam do projeto
A reconstrução do rosto do santo será feita a partir de fotografias do crânio que foram tiradas em 1960, na última vez que foi exumado para o reconhecimento da relíquia pela Igreja Católica, nas celebrações dos 300 anos de sua morte. Os negativos em preto e branco estão sob a guarda da DePaul University, em Chicago, nos Estados Unidos. Com a autorização do uso das fotos pela universidade, e da Igreja Católica, o designer 3D e especialista em reconstrução facial Cícero Moraes, do Paraná, remontou o crânio.
As imagens recebidas foram transferidas para o computador e os registros passaram a ser cruzados graças a um algoritmo e geraram uma nuvem de pontos com o volume do crânio, que foi convertida em uma malha 3D com superfície. Essa está sendo a base para a criação de uma escultura digital, que dará vida a um busto impresso com a face aproximada que recria a identidade visual do santo.
“No caso de São Vicente de Paulo, nós vamos triangular uma série de pontos a partir das fotografias; e tendo como referência esses pontos, nós projetaremos qual seria a espessura do tecido mole (músculos, gorduras e pele), a dimensão do nariz, o tamanho dos lábios e a posição dos olhos”, disse
Cícero está contando com a ajuda de uma equipe de especialistas da Universidade de São Paulo (USP) em odontologia legal, cirurgia plástica e antropólogos que levantaram as informações de como era a face que recobria o crânio e que estará no busto que o CTI irá imprimir.
Em Campinas, tecnologias de impressão tridimensional com uso de laser serão usadas para imprimir o rosto em poliamida, um tipo de nylon muito fino — as partículas têm 40 microns de diâmetro. Camada por camada do rosto será impressa. O busto sairá do CTI branco, e por isso foi necessário um trabalho mais detalhado para dar cor, como ocorreu na reconstrução de Madre Paulina.
Ainda não há uma data para finalização do trabalho e apresentação do resultado. A equipe de pesquisadores que desenvolve o projeto é a mesma envolvida nas reconstruções dos rostos de Maria Madalena, Santo Antônio de Pá- dua e Madre Paulina. O projeto é intermediado por José Luís Lira, que é hagiólogo (estuda a vida dos santos).
Ele conviveu com a miséria e decidiu lutar contra ela
Segundo a história do santo, São Vicente de Paulo nasceu na Aquitânia (França) em 1581, tempo em que a França era uma potência, porém convivia com as crianças abandonadas, prostitutas, pobreza e ruínas causadas pelas revoluções e guerras. Grande sacerdote, gerado numa família pobre e religiosa, ele não ficou de braços cruzados e se deixou mover pelo espírito de amor. Como padre, trabalhou numa paróquia onde conviveu com as misérias materiais e morais; e esta experiência lhe abriu para as obras da fé. Numa viagem foi preso e, segundo conta a história, viveu na escravidão até converter seu patrão e conseguir, depois de dois anos, sua liberdade. A partir disso, São Vicente de Paulo iniciou a reforma do clero, com a execução de obras assistenciais, luta contra o jansenismo que esfriava a fé do povo e a estragava com seu rigorismo irracional. Fundou também a Congregação da Missão (lazaristas) e, unido a Santa Luísa de Marillac, edificou as Filhas da Caridade (irmãs vicentinas). Morreu quase octogenário, a 27 de setembro de 1660. Hoje, o termo “vicentino” está ligado a trabalhos assistenciais ligados à Igreja Católica em todo o mundo. (MTC/AAN)
Maria Teresa Costa,
DA AGÊNCIA ANHANGUERA
Fonte: Correio Popular A7
Assim poderemos imaginar, como era o rosto do Monsieur Vicente (como as filhas da Caridade o chamavam) ao encontrar os outros, e como ele sendo Padre se comportava: Ao se tornar mais misericordioso, mais compreensivo, mais disponível e superando a sua ‘rigidez’ de jovem (antes do chamado a vocação de serviço aos Pobres).