Lições aprendidas durante a pandemia. 16: Abraçando através da oração

por | out 14, 2020 | Formação, Reflexões | 0 Comentários

A cada semana, um membro da Família Vicentina partilhará conosco uma experiência vivida nestes últimos meses. A partir do íntimo de seu coração, irá propor uma mensagem de esperança, porque (estamos convencidos) também podemos tirar lições positivas desta pandemia.

No final de junho deste inesquecível ano de 2020, um grupo de jovens da JMV decidiu criar uma comunidade virtual de oração para rezar o terço diariamente. A primeira motivação foi a de acompanhar uma jovem de 21 anos que estava lutando e continua lutando contra o mal de lúpus. Segundo motivo, rezar por todos os enfermos e pelo fim da pandemia.

Todos os dias, desde cedo, chegavam as intenções em nosso grupo de WhatsApp, de situações próximas até as mais distantes, além de enfermidades e do coronavírus. Cada mensagem nos lembra a necessidade de viver nosso dia em oração, oferecendo o que somos e o que fazemos para o bem de nossos irmãos e irmãs.

Às 20 horas, de 30 a 50 pessoas, incluindo famílias inteiras e pessoas não relacionadas ao grupo, conectam-se através do Zoom para a reza do terço. A irmã que nos acompanha faz a oração inicial, duas pessoas leem as intenções do dia e a meditação, e os demais se alternam para as preces. Às vezes, a tecnologia falha e vários não conseguem se conectar, mas na mesma hora, desde suas casas, eles rezam juntos, sabendo que “se dois de vós se unirem sobre a terra para pedir, seja o que for, consegui-lo-ão de meu Pai que está nos céus. Porque onde dois ou três estão reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” (Mt 18,19-20).

Nosso grupo de oração compartilhou tristezas, alegrias, notícias de curas e recaídas, medos e esperanças. Não nos conhecemos pessoalmente, mas nos sentimos e – mais ainda – somos verdadeiramente uma comunidade de irmãos e irmãs que acolhem e apresentam diante do Senhor as necessidades de nossa Igreja, do mundo inteiro, de nossos países e de nossos entes queridos.

Num tempo em que nos foi impossível de estarmos próximos uns dos outros, esta comunidade de oração nos permitiu acompanhar tantas pessoas a quem seria impossível expressar a nossa compaixão e o nosso amor. Neste tempo de abstenção de contato físico, nossa oração cheia de fé e de esperança abraçou cada pessoa que nos foi confiada.

Esta experiência única de comunhão ainda continua. Talvez um dia seja preciso parar em algum momento este formato atual. Mas para cada um de nós, isso sempre nos recordará a comunhão dos santos da qual somos membros ativos. Sim, a oração é o melhor dos abraços. Não conhece fronteiras nem distância, e como a chuva, não fica sem produzir o seu efeito, ainda que esteja oculto ao nosso conhecimento.

Yasmine Cajuste

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