Câmara dos Deputados do Brasil: Discurso – Sessão solene – 25 de setembro de 2017 – Dia Nacional dos Vicentinos

por | set 26, 2017 | Notícias | 0 Comentários

Bom dia a todos,

Hoje é um dia de festa! Hoje é um dia para se celebrar! É um dia de alegria!

É com imensa satisfação que participo, hoje, representando o Conselho Geral Internacional (CGI) da Confederação Internacional da Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP), desta ilustre Sessão Solene em celebração ao DIA NACIONAL DOS VICENTINOS (que se comemora em 27 de setembro, dia de SÃO VICENTE DE PAULO), previsto na Lei nº 11.536, de 30 de outubro de 2007. Estamos no décimo ano de existência dessa lei.

Na verdade, essa Sessão Solene não é dedicada apenas aos Vicentinos do Brasil, mas a todas as pessoas que desenvolvem algum trabalho voluntário de caridade em favor dos mais carentes. É também uma Sessão Solene que homenageia os empresários, os benfeitores, os colaboradores e os amigos dos vicentinos, que nos ajudam nessa caminhada.

O reconhecimento que a Câmara dos Deputados confere à Sociedade de São Vicente de Paulo, ao estabelecer o DIA NACIONAL DOS VICENTINOS, ajuda-nos a mostrar à sociedade civil os projetos, programas e as iniciativas desenvolvidas pelos Vicentinos – membros da Sociedade de São Vicente de Paulo e dos demais ramos da Família Vicentina – em favor dos irmãos brasileiros mais carentes, mais humildades, os excluídos de uma sociedade desigual, egoísta, indiferente e, a cada dia que passa, mais refratária ao sagrado e ao divino.

Estima-se que haja no Brasil 12,9 milhões de analfabetos. Dados recentes do IBGE apontam que existem cerca de 13,8 milhões de desempregados. O tratamento de esgoto ainda não chegou para 45% da população. A Fundação Getúlio Vargas calcula que há cerca de 22 milhões de brasileiros que vivem na extrema pobreza.

Essas estatísticas, por si só, demonstram, em pleno Século XXI, as enormes dificuldades que todos nós (Parlamento, sociedade civil, governos, Vicentinos, Terceiro Setor em geral) temos a enfrentar e a vencer. É um desafio econômico, sem dúvida, mas sobretudo, MORAL, uma obrigação que a nossa sociedade precisa cumprir para ser considerada uma sociedade justa e igualitária.

De que adianta eu viver bem se meu irmão, ao meu lado, sofre e precisa de tudo? É uma “falsa alegria”, um “falso contentamento”. Isso vai cobrar caro, já está cobrando caro, com o aumento dos índices de violência, a intolerância, a desagregação familiar, o aborto, as drogas e a desesperança social. É urgente que todas as esferas envolvidas (governos, sociedade civil e entidades beneficentes) unam esforços no sentido de oferecer respostas efetivas a esses males que assolam grande parte dos nossos irmãos brasileiros.

É nesse cenário social desafiador e inquietante que se inserem os Vicentinos, ajudando a fazer a ponte entre os que têm pouco com aqueles que têm bastante de sobra. Para dar conta de tamanho desafio, os Vicentinos se organizam em grupos paroquiais chamados de “Conferências”. A primeira delas criada no mundo foi em Paris, França, por um grupo de sete amigos, em 23 de abril de 1833; e a primeira delas em solo brasileiro surgiu em 4 de agosto de 1872.

Essas Conferências são formadas por católicos, homens e mulheres, crianças e adolescentes, jovens e adultos, que se reúnem regularmente e desenvolvem ações de caridade, em geral a visita domiciliar a famílias em situação de carência total, situadas nas periferias das grandes cidades brasileiras. As Conferências se agrupam em Conselhos, que são as esferas administrativas da nossa instituição. Há também o trabalho abnegado em centenas de obras assistenciais, como lares de idosos e creches, prestando um relevante serviço social à população.

No mundo inteiro, o trabalho vicentino é bem parecido. Na condição de Presidente Geral Internacional, tenho podido visitar dezenas de nações do planeta e posso constatar justamente isso: o vicentino é o mesmo. Pode mudar a língua, podem mudar os costumes, pode mudar a cultura, pode mudar a realidade local, mas o vicentino e o trabalho de caridade do vicentino são os mesmos.

Ser vicentino é fazer as pessoas felizes. O vicentino é um eterno abençoado. É um missionário vocacionado, por natureza. Dedicado às causas altruístas. Discreto e sensível em estender a mão amiga a quem dela precisa. Possui amigos em todas as partes do mundo. Defensor da família e dos valores do Evangelho. Pessoa de fé, católico praticante e apoiador da Igreja. Pessoa de oração e de ação. Sempre disponível e solidário. Criativo e inovador. Propagador da cultura da paz.

Amante da justiça e inconformado com as injustiças sociais. Difusor da Doutrina Social da Igreja. Focado no próximo, focado no outro. Voluntário por natureza. Educador de mão cheia. Comprometido com a construção de um mundo melhor, mais justo e isonômico, com oportunidades para todos. Essas são algumas características do vicentino. Por isso afirmei, logo no início dessa lista, que “o vicentino é um eterno abençoado”. Tenho ou não tenho razão? Tornar-me vicentino foi um das melhores coisas que fiz na minha vida!

Ao estar neste Parlamento, não posso deixar de mencionar o aspecto político em que estamos inseridos, tema muito caro aos nossos fundadores, especialmente para o bem-aventurado Antônio Frederico Ozanam, que, na França, em 1848, candidatou-se a deputado na Assembleia Nacional da França, equivalente a deputado federal aqui no Brasil, e quase foi eleito.

Ozanam é um modelo de político honesto, de leigo autêntico, inserido na sociedade e conhecedor de seu papel social, um ativista que lutou pelos mais pobres e foi vanguardista na defesa dos direitos trabalhistas. Quem sabe, um dia, tenhamos dezenas de Ozanam neste Congresso Nacional, sintonizados com a visão social e espiritual deste santo homem de Deus!

Faço ainda um rápido registro que, no mundo inteiro, todos os vicentinos e associações criadas sobre a inspiração de São Vicente de Paulo comemoram, ao longo de 2017, os 400 anos de nascimento do “Carisma Vicentino”. Rejubilamo-nos de alegria pelos quatro séculos de serviços prestados aos mais pobres pela Família Vicentina. Nossas comemorações ecoam na ONU, no Vaticano, em Paris e nos 152 países que estamos presentes como membros da SSVP.

Parabéns, Vicentinos, pelo seu dia. Obrigado, Congresso Nacional, por esse importante reconhecimento, que muito nos orgulha, mas que também nos relembra que o Vicentino não pode parar jamais, não deve parar jamais. Os pobres não tiram férias, e a miséria está crescendo. A caridade é a força do cristão e é, juntamente com a eucaristia, a melhor forma de encontro com Cristo.

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo! Para sempre seja louvado!

Renato Lima de Oliveira – 16º Presidente Geral da SSVP

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