“Carta de Antônio-Frederico Ozanam” à Família Vicentina, por ocasião da Segunda Convocação em Roma, 14-17 de novembro #famvin2024

por | set 28, 2024 | Famvin 2024, featured, Notícias | 0 Comentários

Esta é uma carta fictícia, inspirada na vida, na espiritualidade e no pensamento de Antônio-Frederico Ozanam, o principal fundador da Sociedade de São Vicente de Paulo e um dos grandes vicentinos leigos da Família Vicentina. A convocação em Roma em 2024 é uma oportunidade de renovar nosso compromisso em um contexto de sinodalidade e fraternidade.

Você consegue imaginar o que o Beato Antônio- Frederico Ozanam nos diria se escrevesse uma carta para os atuais membros da Família Vicentina hoje? Esse é um exercício literário, mas talvez pudesse ser algo assim:

Prezados irmãos e irmãs da Família Vicentina,

É com grande alegria e profunda felicidade que lhes dirijo esta carta, consciente da proximidade espiritual que nos une através dos séculos e continentes, e sabendo que minha voz ressoa em seu meio graças à obra viva de caridade que compartilhamos. Neste ano de 2024, convido-os a vir a Roma, de 14 a 17 de novembro, para a segunda convocação de nossa grande Família Vicentina. Será uma ocasião única de encontro, reflexão e fortalecimento de nosso compromisso comum com os pobres e com a transformação da sociedade.

Desde o momento em que fundamos a Sociedade de São Vicente de Paulo, em 1833, estávamos bem cientes de que o trabalho de caridade não poderia ser monopólio do clero ou de instituições distantes da vida cotidiana das pessoas. Não, irmãos! Em nosso trabalho, os leigos têm uma missão indispensável e insubstituível. Lembrem-se sempre de que a ação social e caritativa da Igreja não é um mero complemento da fé, mas sua manifestação mais autêntica e tangível no mundo.

Vocês, queridos leigos, são a face de Cristo em meio a cidades barulhentas, em bairros pobres, em universidades, em hospitais e em lares. O mundo precisa de seu testemunho corajoso e firme; precisa de homens e mulheres que, com os pés no chão e os olhos no céu, possam levar esperança onde há desespero e luz onde há escuridão.

Eu vi em minha época, e você vê na sua, a imensa lacuna entre os ricos e os pobres, entre os poderosos e os impotentes. Mas não é suficiente apontar essas injustiças; precisamos fazer algo para transformá-las. Cada um de vocês, em seu próprio lugar, tem a capacidade de mudar a realidade ao seu redor, de dignificar os pobres, de humanizar o trabalho, de educar as crianças, de cuidar dos doentes e de confortar os aflitos.

A caridade não é um simples ato de doação; é a expressão da mais alta justiça. Caridade, queridos amigos, não é apenas uma moeda na mão do mendigo, mas o reconhecimento da dignidade inviolável de cada pessoa. A caridade completa o que a justiça por si só não pode realizar. Mas não podemos nos esquecer de que nossa missão vai além do alívio momentâneo do sofrimento. Nosso chamado é para transformar a sociedade em suas raízes, lutando contra as causas estruturais da pobreza e da exclusão.

Há quase dois séculos, nossa amada Sociedade de São Vicente de Paulo surgiu como uma resposta direta aos desafios de uma sociedade profundamente dividida. Nós nos reunimos não apenas para falar sobre caridade, mas para vivê-la e incorporá-la em nossas ações diárias. Aprendemos com São Vicente de Paulo que a verdadeira caridade é sempre ativa, dinâmica e comprometida com a realidade dos mais pobres.

Nesse sentido, peço que não se contentem com uma instituição de caridade que acalme suas consciências, mas que busquem uma instituição de caridade que exija de vocês sacrifício, dedicação e paixão. Sejam corajosos ao denunciar a injustiça, ao levantar a voz em defesa dos que não têm voz e ao agir com criatividade e generosidade diante dos novos desafios de nosso tempo.

A próxima reunião em Roma será um sinal profético de unidade e esperança para a Família Vicentina e para a Igreja. Nós nos encontraremos no coração do cristianismo, em uma cidade que testemunhou inúmeros gestos de fé e santidade. Nós nos reuniremos lá não apenas para compartilhar nossas experiências e projetos, mas também para discernir juntos o caminho que o Senhor está nos chamando a seguir nestes tempos conturbados.

É essencial que essa reunião seja um espaço de autêntica sinodalidade, onde todos nós – leigos, religiosos e religiosas, padres e bispos – possamos ouvir e ser ouvidos. Roma nos dá as boas-vindas, mas é Cristo quem nos convoca, quem nos convida a renovar nosso compromisso com os mais pobres e com a transformação social. Não tenha medo de expressar suas ideias, de propor novas formas de ação e de imaginar maneiras inovadoras de tornar nossa missão mais eficaz.

O Papa Francisco os lembrou várias vezes da necessidade de uma Igreja em saída, uma Igreja que não tenha medo de sujar as mãos trabalhando entre as pessoas. Que esta reunião seja um impulso para sairmos de nossas zonas de conforto e nos lançarmos nas periferias, tanto existenciais quanto geográficas.

Amigos, vivemos em uma época de grandes desafios, mas também de enormes oportunidades. A secularização e a indiferença religiosa que tanto me incomodaram em minha época não são nada comparadas às dificuldades de seu tempo. No entanto, não se esqueçam de que a história humana é uma história de redenção e que cada um de nós tem um papel único a desempenhar nessa grande obra.

A sociedade moderna, tão avançada e ao mesmo tempo tão fragmentada, precisa do testemunho profético dos leigos. Ela precisa de homens e mulheres que, iluminados pela fé e movidos pela caridade, sejam capazes de mostrar que outro mundo é possível. Ela precisa de corações que ardam com o amor de Cristo e não se deixem extinguir pela indiferença ou pelo conformismo.

Eu os incentivo a seguir em frente com força renovada. Não desanimem diante das dificuldades e não se satisfaçam com pequenos feitos. Sempre almejem algo alto, pois o Senhor espera muito de nós. Ele colocou em suas mãos a responsabilidade de levar a luz de seu amor a todos os cantos deste mundo.

Caros irmãos, eu os aguardo em Roma com o coração cheio de esperança e alegria. Que esta convocação seja um novo Pentecostes para nossa grande Família Vicentina, um tempo de graça no qual possamos reacender o fogo de nosso carisma e renovar nosso compromisso com os pobres e os marginalizados.

Esteja sempre consciente da grandeza de sua vocação leiga. Lembre-se de que em você está a força para transformar a sociedade e tornar o Reino de Deus presente aqui e agora. Não deixem de olhar para o céu, mas nunca se esqueçam de que seus pés são chamados a caminhar entre os homens, em meio a suas alegrias e sofrimentos, para serem testemunhas do amor que salva e transforma.

Com todo o meu carinho e orações,

Antônio-Frederico Ozanam

 

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