Qual é o seu destino final?

por | mar 17, 2024 | Formação, Reflexões | 0 Comentários

Sempre que vamos viajar de avião, quando chegamos ao balcão das companhias aéreas para fazer a entrega das bagagens, os atendentes nos fazem uma pergunta bem simples, mais ou menos assim: “Qual é o seu destino final?”.

O que se pretende, com isso, é confirmar a cidade de destino dos passageiros e, assim, iniciar os procedimentos para o voo. Mas, na verdade, essa indagação é bem mais profunda do que se possa imaginar. Poucos dão a devida importância a esta questão.

Eu mesmo já escutei essa pergunta dezenas de vezes, especialmente nos sete anos em que tive o privilégio de ser o 16º Presidente-geral da Sociedade de São Vicente de Paulo. Entre os anos de 2016 e 2023, que foi o período do nosso mandato, pude visitar 50 nações, sem contar as inúmeras viagens dentro do Brasil, às quais já perdi até as contas.

A maneira mais adequada que os atendentes deveriam fazer essa pergunta seria: “Para qual cidade o senhor (ou a senhora) está voando (ou viajando)?”. Mas, ao perguntar “destino final”, causa-nos uma certa estranheza, de cunho espiritual e até sobrenatural. Em várias ocasiões, eu ficava alguns segundos a pensar sobre qual seria a minha resposta, uma vez que o “destino final” de todas as pessoas, um dia, é o mesmo: o fim da vida aqui na Terra. Não há escapatória (São Tiago 1, 13-14).

Uma vez respondi, sem querer criar nenhuma situação embaraçosa: “Depende de Deus, mas eu queria ir para o Paraíso”. A atendente começou a sorrir e, a partir daquele instante, ela mesma também percebeu que a pergunta sobre o “destino final” acaba por suscitar esse tipo de reflexão. Qual é o meu destino final? Que pergunta intrigante que nos acompanha a vida inteira! Muitos passam a vida tentando responder a essa pergunta (São Lucas 23, 43). Muitas pessoas partem desta vida sem conseguir uma resposta satisfatória.

Outra razão pela qual as companhias aéreas não deveriam usar a expressão “destino final” quando dialogam com os seus passageiros na hora do check-in é óbvia: sabemos que a aviação é segura, e que os acidentes são cada vez mais raros; contudo, não podemos garantir cabalmente que esses episódios não aconteçam. Podem ocorrer incidentes que levariam às pessoas a chegarem “mais rapidamente” aos seus destinos finais…

Mas nem todos – sabemos – seguirão para o Paraíso. Essa é outra reflexão que se faz necessária, pois o Paraíso é a promessa de Deus somente para poucos, ainda que o convite tenha sido feito para todos (São Mateus 24, 14). Por outro lado, o inferno está aí para quem quiser entrar nele, bastando afastar-se de Deus, do perdão, da caridade e das virtudes (Daniel 12, 2). São dois caminhos, ou melhor, são dois “destinos” aos quais todos nós estamos sujeitos, a depender do estilo de vida e das escolhas feitas durante a nossa vida terrena (São Mateus 7, 13-14).

Assim, voltando ao momento do guichê da companhia aérea: todas as vezes que me perguntam qual seria o meu destino final, eu paro, penso, sorrio, digo baixinho para mim mesmo “Paraíso”, e na sequência respondo aos atendentes o nome de cidade da viagem. Resolvi a questão, mas não consigo parar de pensar no assunto. O que eu quero mesmo, um dia (não agora, se Deus assim permitir!), é chegar ao Paraíso, sem escalas. E quanto a você, qual é o seu “destino final”?

Renato Lima de Oliveira,
Comissário da SSVP nas Nações Unidas e 16º Presidente-geral da SSVP entre 2016 e 2023.
Fonte: Revista Adoremos, da SSVP de Belo Horizonte (MG), edição de março de 2024

Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; E porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem (São Mateus 7:13-14).

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