Como tem sido amplamente divulgado o lema de trabalho da Diretoria do Conselho Nacional do Brasil – mandato 2022/2026 é “Ser vicentino: uma vocação vivida na Conferência e junto aos Pobres”. Em sua fala na Festa Regulamentar em honra ao Bem-aventurado Antônio Frederico Ozanam e de Fundação da SSVP, durante a 50ª Romaria Nacional dos Vicentinos a Aparecida/SP, no último dia 10 de julho, o Presidente do Conselho Nacional do Brasil, confrade Márcio José da Silva, reforçou diversas orientações.
“Não faz sentido se dizer vicentino ou vicentina, mas não participar ativa e semanalmente de uma Conferência e não fazer as visitas às famílias assistidas e nem participar das atividades da SSVP”, afirmou.
É preciso que todos entendam uma questão primordial no trabalho da SSVP: o vicentino não é um voluntário comum. Ele é um verdadeiro vocacionado. E vocação é “chamado de Deus”.
Então, ser vocacionado é uma coisa completamente diferente. Precisamos debater mais, orientar mais, esclarecer mais. Falar mais disso. Para todos entenderem perfeitamente.
Mais do que nunca é preciso afirmar: a caridade não para, pois as necessidades dos Pobres continuam e se ampliaram durante a pandemia. A quem eles vão pedir ajuda e apoio se não aos vicentinos?”
O Presidente recordou, inclusive, os aspectos bíblicos dos cuidados com os Pobres.
E vicentino QUE NÃO PARTICIPA de sua Conferência de forma assídua (constante) NÃO É confrade/consócia. Essa é uma exigência lógica da Regra.
E para fazer um melhor trabalho junto aos Pobres, mais do que apenas entregar cestas, o Presidente colocou até mesmo parte dos recursos financeiros do Conselho Nacional do Brasil à disposição das Conferências, Conselhos e Obras Unidas, algo que, na verdade, já vem acontecendo através dos diversos projetos, campanhas, programas e serviços em plena atividade.
Para isso, agradeceu aos vicentinos, antes de tudo: “Vocês são muito importantes diante de Deus quando, muitas vezes renunciando a si mesmos e aos prazeres da vida, tiram um tempo especial para serem participativos nas Conferências vicentinas…”
Mas alertou sobre a necessidade da retomada das atividades plenas de Conferências e Conselhos, após o período crítico da pandemia, o que não está ocorrendo como deveria em muitos lugares. E orientou: ir atrás dos confrades e consócias que estão relutantes, com medo, incapazes, frustrados, desanimados. “Neste contexto, eu conclamo cada um de nós aqui presentes, e todos aqueles que já estão de volta às atividades vicentinas normalmente: ‘não percamos nenhum dos nossos’”.
Além dessa “chamada de atenção”, o Presidente lembrou sobre o ano temático “Missões: saber cuidar”, do cinquentenário da Romaria a Aparecida/SP, dos 25 anos da beatificação de Antônio Frederico Ozanam e dos 150 anos de fundação da SSVP no Brasil, tudo no ano de 2022.
Destacou ainda sobre o protagonismo dos Conselhos Particulares na vida administrativa da SSVP. “O Conselho Particular é o principal elo de representação e união das ações concretas nas Conferências. Cabe a ele animar, motivar, incentivar e acompanhar toda a ação e organização das atividades vicentinas em sua região, desde a visita aos pobres até o absoluto cumprimento da Regra da SSVP”.
Cada Conselho Particular do Brasil precisa realizar ainda em 2022 pelo menos dois encontros: um de recrutamento de novos membros e outro de formação para seus membros.
Márcio ressaltou também a ação das crianças e jovens, presentes em todas as Conferências, especialmente naquelas destinadas especialmente a eles: as chamadas CCA´s – Conferências de Crianças e Adolescentes.
O Presidente nacional, por fim, agradeceu a todas as mulheres, as consócias, pelo grande trabalho que desenvolvem em favor da SSVP. E divulgou a data da próxima Romaria: 5, 6 e 7 de maio de 2023.
Você pode ler abaixo o discurso integral do coinfrade Márcio José da Silva:
Festa Regulamentar em honra ao Bem-aventurado Antônio Frederico Ozanam e de fundação da SSVP – 50ª Romaria Nacional dos Vicentinos a Aparecida/SP – 10/07/2022.
Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo…
Inicio a mensagem da Diretoria do Conselho Nacional do Brasil nessa “50ª Romaria Nacional dos Vicentinos à Aparecida/SP”, saudando carinhosamente cada um de vocês, confrades, consocias e demais presentes, somos romeiros de todo canto do Brasil e juntos viemos demonstrar a nossa devoção a Nossa Senhora, e a nossa Fé em Deus.
Confiante na misericórdia e no amor de Deus, em respeito aos corações entristecidos pela dor da perda de alguém querido e pelas vidas de tantas vítimas fatais da pandemia, confrades, consócias, assistidos, familiares e amigos que nos deixaram precocemente de forma inesperada, peço a cada um de vocês que façamos um minuto de respeitoso silêncio e na sequência rezemos uma oração da Salve Rainha pelas famílias enlutadas e pelas almas dos fiéis falecidos.
O tema de nossa “50ª Romaria”, que é “Sob o manto sagrado da Mãe, cultivando a missão do saber cuidar…”, nos remete à necessidade do cuidado, do cuidar de nós mesmos, cultivando a missão bonita de saber cuidar também do outro, o nosso próximo. E a esse cuidado, que é um gesto concreto de amor, chamamos de caridade.
Ainda mais quando deixamos nossos lares para vir a “Casa da Mãe”, para orar, pedir, agradecer, louvar, celebrar e comemorar como membros da SSVP estes 50 anos de peregrinação! Quando muitos, ao longo dos anos, experenciaram milagres em suas vidas, momentos de intensa oração, oportunidades de encontros reencontros de amigos e irmãos de caminhada. Quantas alegrias vividas nos festivais, vias-sacras, terços e outros acontecimentos!
É, sem dúvidas, um dos maiores encontros vicentinos do planeta. Por isso, estar “sob o manto sagrado da Mãe, para renovar nosso compromisso de cultivar a missão do saber cuidar”, nos remete à necessidade de compreender que “cultivar a missão” já é um cultivar de cuidar…, “cuidar da Missão”, vir anualmente a nossa Romaria é o momento oportuno não apenas de poder tocar com os pés o solo sagrado que alimenta nossa fé e devoção em Nossa Senhora, é o vir e estar aqui oportuno para renovar e aumentar nosso compromisso vocacional de ir ao encontro dos mais pobres para “cuidar…”
Neste ano do cinquentenário da Romaria celebramos e rezamos, também, os 20 anos de oração do terço no chamado Morro do Cruzeiro. Ainda iniciamos as comemorações dos 150 anos de fundação da SSVP no Brasil. Quantos momentos importantes estamos desfrutando neste ano de regresso a Casa da Mãe! Que benção, após dois anos de espera, não apenas poder estar aqui, nos encontrar e nos unir como família da SSVP, mas também poder celebrar tantos acontecimentos importantes na nossa história.
Nesta Festa Regulamentar, dedicada ao nosso principal fundador, o Bem-aventurado Antônio Frederico Ozanam, quero trazer à lembrança outra data muito especial: o Ano Jubilar dos 25 anos de sua beatificação, em Paris, pelo saudoso Papa João Paulo II, em 22 de agosto de1997.
Podemos dizer, então, que 2022 é um ano que nos mostra os desígnios de Deus, já que depois do temor, do silêncio, da necessidade de se recolher diante do receio de uma pandemia que abalou o mundo, os vicentinos tem mais esse momento de graça e louvor.
É o momento oportuno para renovar e intensificar nossas orações pela canonização deste homem que já registrou sua santidade diante de Deus pelos enormes benefícios que faz chegar aos mais pobres nestes 189 anos de existência da SSVP no mundo todo.
E nos aproximando do encerramento de nossa “50ª Romaria” quero, em nome da Diretoria do Conselho Nacional do Brasil, dizer para cada um aqui presente e a todos os confrades e consócias deste imenso Brasil:
“Você é muito importante diante de Deus quando, muitas vezes renunciando a si mesmo e aos prazeres da vida, tira um tempo especial para ser participativo nas Conferências vicentinas e, mais ainda, dentro das casas humildes dos pobres. Sendo o consolo da lágrima que cai, sendo a esperança de dias melhores diante das angústias da pobreza para famílias inteiras, sendo a palavra e o ombro amigo que anima e renova a esperança dos mais necessitados…”
A cada visita a casa dos Pobres e cada participação nas reuniões e ações das Conferências, aos poucos vamos escrevendo, assim como Ozanam, nosso nome não apenas na história, mas no Reino do Céu, junto de Deus.
“Como é feliz aquele que se interessa pelo pobre! O Senhor o livra em tempos de adversidade. O Senhor o protegerá e preservará a sua vida; ele o fará feliz na terra e não o entregará ao desejo dos seus inimigos.” (Salmo 41, 1-2).
A beleza dessa promessa contida nos versos do salmista nos compromete seriamente com o engajamento de nossa vocação vicentina ao longo dos anos e, ainda mais agora, na retomada de nossa missão em tempos de guerra, pandemia e crise econômica, elementos que não apenas aumentam drasticamente a pobreza, mas também o sofrimento e a dor, causados pelo desemprego, as incertezas, e a fome.
Nós, vicentinos, não podemos ignorar a Palavra de Deus, muito menos quando a questão são os Pobres:
“Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Venham, benditos de meu Pai! Recebam como herança o Reino que foi preparado para vocês desde a criação do mundo. Pois eu tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e vocês me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês me acolheram; necessitei de roupas, e vocês me vestiram; estive enfermo, e vocês cuidaram de mim; estive preso, e vocês me visitaram…” (Mateus 25, 34-36).
Isso não é simplesmente uma frase qualquer solta ao vento, não é simplesmente um poema qualquer, não é brincadeira. Repito: não é brincadeira. Ainda mais para vicentinos.
Por isso, quero advertir e orientar a todos aqui presentes e aos que não puderam vir a nossa “50ª Romaria”: não faz sentido, não tem razão de ser, estar aqui na Romaria, se dizer vicentino ou vicentina, mas não participar ativamente e semanalmente – repito: semanalmente – da visita domiciliar a casa das famílias assistidas e das reuniões das Conferências e suas demais atividades.
Que fique claro que não haverá a salvação e proteção de Deus descrita no Salmo que ouvimos se, como vicentinos e conhecendo o caminho de vida eterna prometido por Jesus, na narrativa do evangelista Mateus, não assumirmos a nossa responsabilidade e compromisso com a vocação e missão de estarmos efetivamente junto dos Pobres, cuidando dos deles.
É tempo e é necessário termos a coragem, o ânimo e a determinação de avançarmos para águas mais profundas. É preciso mudar nossa forma de trabalho: não ficarmos somente na entrega de cestas básicas. Necessárias, sim, para muitas famílias, para salvar da fome na grande maioria dos casos.
Mas é preciso, acima de tudo, pensar e colocar em prática ações audaciosas que realmente transformem e melhorem as condições de vida e sobrevivência de quem depende dos alimentos destas cestas.
É preciso urgentemente pensar em mudanças das estruturas geradoras de pobreza com ações e projetos que tragam dignidade humana, financeira e social aos Pobres que ousamos assistir, para que nossa assistência seja libertadora e não causadora de dependência.
Para isso o Conselho Nacional do Brasil, tem se comprometido em abrir suas portas para acolher e ajudar no que for necessário, projetos bem elaborados, estruturados e que garantam transformação e promoção de nossas famílias assistidas.
Tem usado seus recursos financeiros para patrocinar seu programa chamado “Projetos Sociais”, voltado para Conferências; o “Projeto Banho Solidário”, para pessoas em situação de rua; a campanha “Eu assumo compromisso”, para arrecadar recursos para os Conselhos Particulares, entre outros.
Além desses voltados para Conselhos e Conferências, está em plena atividade o projeto “Todos somos um”, que tem distribuído recursos as Obras Unidas, além de outras ajudas financeiras, conforme necessidades específicas e quando requisitado. Por fim, nos últimos meses, tem organizado campanhas de auxilio em situações de catástrofes climáticas no Brasil e no mundo.
Precisamos sair das desculpas e reclamações, deixar de lado qualquer negativismo motivado pela pandemia, pela crise, pelas dificuldades e os problemas. Todas essas situações, sim, são realidades que estamos passando por elas. Mas não podem ser maiores e mais fortes que nossa coragem, nosso ânimo e nossa motivação.
Trago presente o testemunho da Conferência Menino Jesus (de Crianças e Adolescentes), de Barbacena/MG, que durante a pandemia assumiu e colocou em prática o projeto social “Mãos que Alimentam”, voltado a alimentar moradores em situação de rua.
Notem: mesmo no auge da pandemia, um projeto bem elaborado e desafiador que teve o apoio não só do Conselho Nacional, mas, também, do Conselho Geral Internacional. E isso tem que nos provocar, tem de mexer conosco, tem de nos fazer questionar: o que fizemos, o que estamos fazendo além apenas da entrega da cesta de alimentos?
Outro assunto desafiador é a retomada das atividades plenas de Conferências e Conselhos, após o período crítico da pandemia.
É certo que mesmo antes um dos nossos maiores desafios era a dificuldade de trazer novas pessoas para se juntar a nós nas Conferências e se tornarem vicentinos. Hoje, mesmo tendo aprendido a conviver com a prevenção e os cuidados, mesmo com a vacina que nos protege de complicações quando contagiados, muitos confrades e consócias, e até Conferências inteiras, relutam e insistem em não voltar às reuniões presencias e as visitas aos assistidos.
Isso é lamentável e preocupante.
Lembro que no momento mais crítico o Conselho Nacional foi enfático em determinar a necessidade de não se realizarem inúmeras atividades rotineiras nas Conferências, Conselhos e Obras Unidas. Porém, no momento atual e seguindo os cuidados de proteção individual, a determinação mudou: é preciso retomar todas nossas atividades normalmente: visitas, reuniões, encontros, formações e processos eleitorais. É preciso e urgente continuar. A vida nos cobra seguir em frente.
Neste contexto, eu conclamo cada um de nós aqui presentes, e todos aqueles que já estão de volta às atividades vicentinas normalmente: “não percamos nenhum dos nossos”.
Para isso, é preciso ir ao encontro dos confrades e consócias que ainda não retornaram para as Conferências, a fazer uma visita amorosa no sentido de “cuidar” também destes nossos irmãos e irmãs, dizer do quanto são importantes e fazem falta para os pobres, para a SSVP e para o projeto de Deus em favor desses. Não basta uma mensagem, um telefonema ou coisas desse tipo. É necessária uma boa visita, ir até as pessoas, ouvi-las, respeitar suas posições e seu tempo, mas convidar ao retorno, insistir na volta. Os Pobres estão esperando.
Também neste ano, e também desafiador, é o trabalho de fazer despertar e retomar o protagonismo dos Conselhos Particulares na vida administrativa da SSVP.
Isso não é uma coisa sem sentido do seu Presidente de Conselho Metropolitano. Mas sim, uma decisão pensada, discutida e aprovada na “Reunião Plenária do Conselho Nacional do Brasil”, pelas principais lideranças do país, diante da preocupação em resgatar, aumentar e melhorar a ação vicentina das Conferências, dos confrades e consócias.
Isso porque o Conselho Particular é o principal elo de representação e união das ações concretas nas Conferências vicentinas. Cabe a ele animar, motivar, incentivar e acompanhar toda a ação e organização das atividades vicentinas em sua região, desde a visita aos pobres até o absoluto cumprimento da Regra da SSVP.
Foi determinado que os Conselhos Particulares realizem pelo menos dois encontros de formação, visando trazer novas pessoas e animar as que já estão nas Conferências. Assim, cada um precisa realizar um encontro vocacional (ou de recrutamento), para mostrar e apresentar para as pessoas que ainda não são vicentinas as belezas e maravilhas de fazer parte de uma das maiores e mais estruturadas Organizações de caridade do mundo, convidando os participantes a se tornarem vicentinos conosco.
O outro encontro deve ser voltado aos confrades e consócias e deve ser impregnado de espiritualidade e carisma vicentino, de forma a animar e encantar ainda mais aqueles que já estão na missão, para viverem mais intensamente nosso Lema: “Ser Vicentino: uma Vocação vivida na Conferência e junto aos Pobres”.
Não posso deixar de destacar a presença e atuação das mulheres na SSVP. Vocês, consócias, são incríveis. Cada vez mais eu as admiro e respeito. Vocês já não são apenas a maioria em nosso meio, mas também as protagonistas de grandes realizações desde as Conferências até nossos Conselhos e Obras Unidas (e na própria Diretoria do Conselho Nacional), ocupando cargos e outras funções de destaque e importância que garantem o êxito de nossa SSVP em várias frentes.
Muito obrigado a cada confrade aqui e no Brasil todo! Mas de forma especial meu agradecimento às nossas mulheres vicentinas, a quem peço uma grande salva de palmas neste momento.
Finalizo encorajando a todos os confrades e consócias para que tenham um olhar, um afeto, e um cuidado especial como nossos jovens, crianças e adolescentes. Eles estão ai e são o presente e o futuro da SSVP no Brasil e no mundo. Ai de nós se os perdermos por falta de incentivo e apoio. Então, é preciso que sejam apoiados e ajudados em nossas Comissões e Departamentos (Juventude, CCA, Ecafo, Decom, Denor, Departamento Missionário e Assessorias Espirituais).
Também, coloquem seus nomes à disposição e assumam os cargos de Diretoria na SSVP, confiantes nos propósitos de Deus.
E, por fim, não se desviem do caminho da Caridade que nos leva santidade e salvação, vivam intensamente o lema da Diretoria do Conselho Nacional do Brasil também em suas Conferências: “Ser Vicentino: uma vocação vivida na Conferência e junto aos Pobres”.
Márcio José da Silva
Presidente do Conselho Nacional do Brasil
Mandato 2022/2026
Fonte: https://ssvpbrasil.org.br/
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