Aos 88 anos, Ir. Otília segue com sua missão na Cidade dos Velhinhos

por | jul 9, 2022 | Filhas de Caridade, Notícias | 0 Comentários

Todos os dias, Irmã Otília acorda às 4h, com o céu ainda escuro, e vai até a cozinha acender o fogão para aquecer a água do café dos funcionários que estão por chegar. Depois, faz uma visita aos cinco pavilhões da Cidade dos Velhinhos para ver se tem algum doente necessitando de ajuda. Zelosa, ela precisa garantir que todos estão bem.

Às 7h, já com o dia raiando, a Irmã vai à missa, toma seu café da manhã, e em seguida assume a tarefa de distribuir os produtos de limpeza que serão utilizados naquele dia. Almoça e volta ao trabalho. Às 18h janta, faz uma oração, e assiste um pouco de TV. Sintoniza o canal em algum telejornal ou em uma novela. Às 20h30 se prepara para dormir, não sem antes fazer a leitura do evangelho.

Irmã Otília tem 88 anos de idade, mas continua a se dedicar com afinco à missão que recebeu em 1966. Foi naquele ano que ela chegou à Itaquera, na região metropolitana de São Paulo, para construir este lar de idosos, que até então era um grande terreno baldio, doado por um benfeitor local.

Chegou acompanhada pela Irmã Maria Luiza Nogueira. Nos primeiros quatro meses, elas dormiram no barracão de obras, construído para guardar as ferramentas. “Aqui era mato puro. Lembro de subir a Rua Santo D´Ângelo e só ver mato e morro. Não tinha asfalto nem água”, lembra ela, com a memória de uma jovem postulante. Quando o primeiro Pavilhão ficou pronto, com a ajuda de doações do povo de São Paulo, foi uma alegria só.

Otília Barbosa de Souza nasceu na cidade mineira de Peçanha, em 1932. Era filha de Maria em uma paróquia onde o padre pregava muito sobre vocações. A visita de duas irmãs Filhas da Caridade na paróquia despertou o seu interesse pela Companhia. Tornou-se uma delas em 1960, com 28 anos de idade.

Como postulante, trabalhou na Casa dos Pobres de Nova Friburgo e em seguida fez o seminário na Casa Provincial, no Rio de Janeiro. Por dois anos chegou a usar a tradicional corneta, aquele chapelão branco que simulava o voo de uma gaivota. Em 1964, quando houve a mudança do hábito, Irmã Otília passou a usar o véu.

As histórias que a Irmã guarda sobre a Cidade dos Velhinhos são inúmeras. Como a da construção, no final da década de 60, pela Fundação Tolstoi, de outros cinco pavilhões, em troca de abrigo para refugiados russos. Nos anos seguintes, cerca de 600 idosos daquela país passaram pela Cidade dos Velhinhos, a maioria vinda da Sibéria, principal rota de exílio. Atualmente, os pavilhões são ocupados por idosos de diversas regiões, especialmente de São Paulo.

A missão na Cidade dos Velhinhos ainda está sendo cumprida, mas Irmã Otília já faz um balanço bem positivo sobre os 30 anos dedicados à casa. “Aqui é maravilhoso. Os idosos têm privacidade. Há um quarto para cada um, com televisão. E eles têm liberdade. Cada pavilhão tem o seu próprio refeitório, eles não precisam se deslocar para fazer suas refeições. Está tudo muito bom”, diz.

E a boa memória não a deixa esquecer de uma das coisas que aprendeu durante a convivência com os russos: “spokoynoy nochi”, diz ela, sorrindo. Boa noite para a senhora também, Irmã Otília!

Fonte: https://filhasdacaridaderj.org.br/

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