Lições aprendidas durante a pandemia. 18: Reconhecer-me frágil e dependente

por | out 28, 2020 | Formação, Reflexões | 0 Comentários

A cada semana, um membro da Família Vicentina partilhará conosco uma experiência vivida nestes últimos meses. A partir do íntimo de seu coração, irá propor uma mensagem de esperança, porque (estamos convencidos) também podemos tirar lições positivas desta pandemia.

A mudança não foi substancial, embora tenhamos experimentado, mesmo contando com intensa comunicação que mantivemos (telefone, video chamadas, internet,…), solidão e isolamento. Nossa natureza relacional exige a presença viva e real.

Acima de tudo, sentimos vulnerabilidade. Percebemos que nossas seguranças eram ilusórias e esta pandemia refletiu para nós nossa fragilidade.

Junto à isso, vimos o interesse dos outros por nós, não apenas com os quais nos relacionamos habitualmente, mas também com os que somente nos relacionamos esporadicamente. Com eles também estabelecemos uma nova relação neste tempo tão especial da pandemia. Foi uma grata ocasião para refazer contatos e inspirar/receber encorajamento e esperança.

Diante da vulnerabilidade que citei anteriormente, experimentamos o desamparo: o que fazer? Perguntávamos a nós mesmos, indecisos e perplexos. Experimentamos em nossa própria carne, que estamos nas mãos misericordiosas de Deus.

Também passou pela nossa cabeça a ideia de que se a atividade humana com a natureza, de exploração contínua, com o único propósito de maior lucro, não terá, de alguma forma, facilitado os aspectos mais danosos da pandemia.

Mencionei acima que todos nós nos convertemos em inspiradores/recebedores de esperança, e suprimos desta forma, com os meios disponíveis, o sentimento de solidão.

Em relação aos mais necessitados, estes mesmos meios de comunicação nos ajudaram a conhecer com mais precisão suas carências; antes, envoltos em nossas habituais preocupações e absortos em nossos problemas, eles escapavam de nossa mente. Por outro lado, através destes meios, pudemos contribuir para aliviar o sofrimento alheio e suas carências e necessidades urgentes.

Por pura coincidência, nos dias que antecederam o confinamento, estava lendo um livro que um médico, amigo meu, havia publicado sobre as limitações da medicina, apesar do avanço científico e técnico, para resolver todos os problemas de saúde.

O espelho no qual me olhei me ajudou a compreender a debilidade e fragilidade de minha natureza, de toda natureza humana; apesar de alguns de nós fazermos este exercício de auto exame com frequência, nunca como agora nos demos conta de forma tão consciente de nossa contingência, sem a termos experimentado pessoalmente ou em família.

O que fazer olhando para o futuro? Sem dúvida, mergulhar e reconhecer-me frágil e dependente, necessitando de proteção e confiando no Senhor.

 Benito Núñez

 

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