A cada semana, um membro da Família Vicentina partilhará conosco uma experiência vivida nestes últimos meses. A partir do íntimo de seu coração, irá propor uma mensagem de esperança, porque (estamos convencidos) também podemos tirar lições positivas desta pandemia.
Alberto e Paula são um casal jovem, recém casados, muito comprometidos com sua fé. Ambos colaboram na paróquia e não se envergonham de manifestar sua fé nos círculos de amigos. Alberto é médico cardiologista no Hospital Geral Universitário de Albacete (Espanha):
Junto com o avanço da pandemia, nossa vida mudou completamente. Todos os planos foram alterados, grandes e pequenos. Todas as rotinas. Eu, Paula, tive que ficar em casa, sem sair para nada. A preocupação com meu marido (médico e no hospital) e por tudo o que acontecia afetava muito o meu dia a dia. Além disso, vivemos à distância o internamento de meu sogro, por covid-19, e a morte do avô de meu marido, assim como de vários amigos, sem poder nos despedirmos…. tem sido muito doloroso. Tive sentimentos de impotência, ao ver a pouquíssima proteção que tinham os médicos e a preocupação de que meu marido se contagiasse; angústia pelos entes queridos e por ele, e muita tristeza por todos os que iam, conhecidos ou desconhecidos, nestas circunstâncias. As noites têm sido difíceis.
Nos dias difíceis, tentamos descansar um cuidando do outro, buscar motivos de alegria e estreitar o contato com o restante da família, falando com muita frequência.
Esta pandemia nos colocou à beira de nossos limites. Experimentamos nossa fragilidade e pequenez como nunca, o que nos fez ter uma confiança mais pura e cega no Senhor. Apesar de não poder receber os sacramentos, percebemos Deus e sua Mãe muito próximos de nós e soubemos nos sustentar por Eles. Confirmamos que “tudo é graça”. Nos sentimos em comunhão com toda a Igreja apesar de não sair de casa.
Sobretudo, rezar, especialmente o terço. Rezamos diariamente, tendo presentes todas as necessidades e intenções que nos chegavam. Também ficamos atentos ao celular das pessoas que pediram nossa ajuda ou atenção, ou simplesmente porque queriam falar.
Deus caminha conosco, não estamos sozinhos, e sempre tem a última palavra.
Repetimos muito e fizemos muitas pessoas repetirem, a frase de São João Paulo II: “Deus sempre pode mais”. Sem Ele, não podemos fazer nada. Queremos confiar e abandonar-nos cada dia mais n´Ele. Nos sentimos mais livres porque este tempo significou também uma poda de coisas supérfluas e um olhar mais profundo para o essencial.
Paula Martínez y Alberto Gómez
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