A dimensão sem limites da Caridade vicentina

por | jan 13, 2020 | Formação, Reflexões, Sociedade de São Vicente de Paulo | 0 Comentários

Um dos maiores desafios no âmbito das Conferências Vicentinas é saber agregar à ação generosa da simples entrega de bens materiais a ação efetiva de viabilizar as adequadas condições de vida para que as famílias carentes vivam com dignidade, capacitando-as para seu próprio desenvolvimento, a fim de que elas mesmas vençam as barreiras da pobreza e da miserabilidade, com o suor de seu trabalho e com a força de Deus.

Essa reflexão nos remete à outra, mais profunda e sobretudo evangélica, que trata da Caridade em si, dom maior de Deus e razão da existência da Sociedade de São Vicente de Paulo. A Caridade é tudo para nós. Se não tivermos Caridade (generosidade) em nossos atos, cairemos na rotina da filantropia e do mero assistencialismo. Na verdade, nossa Caridade significa um “amor sem limites” que exige dos vicentinos uma visão completa do ser humano sofredor, respeitando sua história e seus anseios.

Além da ajuda tradicional que os Vicentinos dão às pessoas necessitadas (como cestas básicas, material de construção, remédios, roupas e cobertores), visando sua sobrevivência, é preciso que os confrades e as consócias atuem de maneira inovadora no sentido de buscar “atalhos” para tirarem os assistidos da pobreza. Afinal, no Brasil ainda temos 16 milhões de miseráveis[1]. Temos competência e conhecimento suficiente para sugerir alternativas para nossos assistidos.

Uma sugestão que pode ser útil para muitas Conferências, especialmente para aquelas situadas em cidades pequenas, é a instalação de muitas Obras Especiais, previstas na Regra, que podem alavancar bastante a ação vicentina. Em cidades de maior porte, sugere-se a implementação das Obras Especiais em parceria com várias Conferências. Ou seja, um grupo de várias Conferências, que atuam numa mesma região, poderia se unir e manter uma obra dessa natureza, com verdadeiros ganhos para os Pobres.

No caso dos Conselhos Vicentinos, de que adianta termos uma sede de Conselho Particular ou Central ociosa boa parte do ano, sendo apenas utilizada para as reuniões ordinárias mensais? Não poderíamos fazer mais? Acredito que ainda não “acordamos” para a viabilidade da instalação de várias Obras Especiais dentro da sede de um Conselho.

Outra sugestão é a criação de Obras Especiais nas dependências das Obras Unidas. Num Lar de Idosos não seria interessante montar um curso de corte e costura ou de trabalhos manuais para aproveitarmos a experiência das senhoras idosas e aproximá-las dos mais jovens? Outro exemplo: numa creche vicentina, não seria uma grande oportunidade criar uma Conferência formada pelos pais das crianças ou pelos educadores?

Portanto, as Conferências, os Conselhos e as Obras vicentinas têm plenas condições de empreender uma ação realmente mais eficaz, a favor dos necessitados, e com foco nos projetos de mudança sistêmica que a Família Vicentina exorta a todos seus ramos. São Vicente já dizia: “a Caridade é inventiva até o infinito”.

Deixamos uma pista para reflexão: a Caridade que devemos empreender com os necessitados vai além do aspecto material, constituindo-se em verdadeira oportunidade de promoção humana. Como temos agido, nesse sentido, em nossa Conferência ou Conselho?

[1] Dados do programa federal “Brasil sem Miséria” – fevereiro de 2013.

Renato Lima de Oliveira
16º Presidente Geral da Sociedade de São Vicente de Paulo

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