No dia 28 de agosto, comemoramos o “Dia dos Voluntários”, pessoas que ajudam ao próximo sem se preocupar com reconhecimento ou status. Uma definição bastante completa está disponível no site do Programa Comunidade Solidária: “Voluntário é o cidadão que, motivado pelos valores de participação e solidariedade, doa seu tempo, trabalho e talento, de maneira espontânea e não remunerada, para causas de interesse social e comunitário”.
Assim também somos nós, vicentinos e vicentinas, que atuamos como voluntários em prol das famílias carentes, além de possuirmos obras assistenciais que cuidam de crianças, jovens, doentes e idosos. Nosso trabalho é totalmente gratuito, não remunerado, apartidário, apolítico e unicamente focado na caridade evangélica.
Mas por que é tão difícil sensibilizar a sociedade civil para o voluntariado? Por que ainda o número de voluntários é pequeno? Na verdade, para ser voluntário, são necessários três ingredientes que nem sempre encontramos nas pessoas que intencionam ajudar: disponibilidade de tempo, compromisso e visão de conjunto. Vamos explicar cada um desses elementos.
No item “disponibilidade de tempo”, é muito comum nos dias de hoje as pessoas não terem tempo para nada. Na realidade, as pessoas mais atarefadas é que acabam encontrando um tempo adicional para atuarem como voluntário. É incrível, mas os voluntários geralmente são pessoas muito ocupadas. Encontrar tempo livre para a prática da caridade não é muito comum. Não adianta a pessoa estar “cheia de vontade de ajudar” se ela não tiver tempo.
No quesito “compromisso”, o que ocorre é que às vezes muita gente chega a participar de algumas ações de voluntários, especialmente durante o mês de dezembro (época do Natal, ocasião em que as pessoas tornam-se mais generosas), mas depois desaparecem e nem avisam os motivos de sua saída. Esse envolvimento tem que ter responsabilidade e ser contínuo, pois de nossas ações dependem a vida e o futuro de muitos assistidos. Sem comprometimento, nenhum trabalho social consegue ser efetivo e não atinge os objetivos traçados.
Por fim, o aspecto da falta de “visão de conjunto” também influencia muito na efetividade do trabalho voluntário. Se o voluntário tiver dúvidas ao responder as perguntas “por que estou fazendo isso” ou “o que se pretende com este trabalho” ou ainda “o que eu tenho a ver com a desigualdade social na minha cidade” é porque ele desconhece seu papel, executa as ações sociais sem compreender a relevância delas e desconhece o sentimento de compaixão a que está intimamente relacionado.
Além de tudo, ajudar as pessoas faz bem a que pratica tais atos. Pesquisas norte-americanas e europeias já comprovaram que quem é voluntário tem mais saúde e vive mais anos de vida. Ou seja, ajudar o próximo faz bem! E se alguém ainda tem dúvida sobre “onde está o nosso próximo”, basta olha ao redor e conferir: “Quem é o meu próximo?” (Lucas 10, 29).
A Sociedade de São Vicente de Paulo padece dos mesmos problemas de qualquer outra entidade beneficente. Nem sempre nossos confrades e consócias têm disponibilidade de tempo, compromisso com a causa de São Vicente e visão de conjunto. Nem sempre temos em nossas Conferências e Conselhos voluntários maduros, conscientes de seu papel na comunidade e sabedores de nossos objetivos: santificação pessoal e promoção das pessoas necessitadas. Temos que orar.
Renato Lima de Oliveira
16º Presidente Geral da Sociedade de São Vicente de Paulo
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