Ao conversarmos com alguns colegas professores, percebe-se que educar é mais que uma profissão, é realmente uma vocação. Ensinar, compartilhar o conhecimento, difundir conteúdos é uma virtude que nem todos sabem praticar. Conhecemos muitas pessoas que são bastante inteligentes, mas que não têm o dom de dividir isso com seus semelhantes. E como conhecemos gente assim!
Para ser educador, a pessoa tem que ter, acima de tudo, o prazer e o gosto pelo que faz. Ser paciente, pois o processo de ensino-aprendizagem é lento, dependendo da pessoa. Sabemos, de cara, quando algum trabalho é feito por obrigação ou por amor. Uma profissão pode ser ensinada (basta verificar a profusão de faculdades particulares); já a vocação, essa não pode ser ensinada, não se aprende, nasce com a gente.
Nós, vicentinos da SSVP e dos demais ramos da Família Vicentina, somos educadores natos. No contato direto e semanal com o excluído, atuamos no intuito de partilhar exemplos, interagir, trocar experiências e muito mais. Procuramos ser o rosto e a voz de Cristo. Nessa interação da caridade, por vocação, desempenhamos a tarefa do educador que exerce suas atividades com amor, sem preocupação com salários ou qualquer outra contraprestação.
Somos vicentinos e educadores por amor, por caridade, por vocação, por Cristo, por Maria, Por São Vicente, por Ozanam e por Deus. Partilhamos o conhecimento sem fazer exigências nem concessões.
Somos educadores sim, mas aprendemos muito com nossos “aprendizes”, sempre. Não retornamos de nossas visitas domiciliares ou de qualquer outra ação vicentina iguais como chegamos. Voltamos diferentes, reflexivos e, portanto, melhores. Somos transformados pelo processo de educação, um processo eminentemente de mão-dupla. Não é à-toa que a santificação dos confrades e consócias ocorre justamente no momento da visita domiciliar. Os grandes mestres, como mostrou Ozanam, têm que ter, também, a humildade de entender que podemos aprender muito com os nossos assistidos. Afinal, eles são instrumentos de Deus. São Vicente já os chamava de “amos e senhores”.
Assim, caros vicentinos e vicentinas e caros membros dos diversos ramos da Família Vicentina, nunca nos esqueçamos que somos educadores natos e que, portanto, temos a grande responsabilidade de pregar a Palavra de Deus a nossos assistidos e de levar conhecimentos úteis e necessários para eles (noções sobre direitos trabalhistas, dicas de nutrição, empregabilidade, etc), além do aconselhamento moral e ético. Nossa santificação advirá dessa monumental tarefa que consiste em ser santo e espalhar a santidade.
Se não agirmos assim, nos tornaremos meros entregadores de sacolas e não cumpriremos nossa missão de batizados, de cristãos e de verdadeiros educadores vicentinos.
Renato Lima de Oliveira
16º Presidente Geral da Sociedade de São Vicente de Paulo
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