Sinodalidade no Carisma Vicentino (terceira e última parte)

por | out 24, 2024 | Famvin 2024, Formação | 0 Comentários

Reflexões sobre os temas a serem abordados na Reunião da Família Vicentina em Roma.
Periodicamente, apresentaremos a você uma reflexão sobre um dos temas relacionados à convocação da Família Vicentina que ocorrerá em Roma, de 14 a 17 de novembro de 2024.

 

Este estudo é a dissertação apresentada ao programa “Mestrado em Vicentinismo” pela Irmã María Isabel Vergara Arnedillo, atual Visitadora da Província Espanha-Leste das Filhas da Caridade. Devido à sua extensão, nós a publicaremos semanalmente em quatro entradas.

  • Introdução: O texto apresenta a sinodalidade como a forma que o Papa Francisco propõe para a Igreja, convidando-nos a “caminhar juntos” em comunhão e participação. Ele reflete sobre como a sinodalidade deveria ser uma prática padrão e questiona por que essa forma nem sempre foi predominante na Igreja.
  • Primeira parte: Sinodalidade na Igreja: A sinodalidade é apresentada como uma dimensão essencial da Igreja, que implica caminhar juntos em comunhão e participação ativa de todos os batizados. Ela abrange atitudes, dinâmicas relacionais e garantias jurídicas, promovendo um modelo de Igreja inclusiva que responde aos desafios contemporâneos na unidade e na diversidade.
  • Segunda parte: A dimensão sinodal nas três primeiras fundações vicentinas: São Vicente de Paulo e Santa Luísa de Marillac, embora não tenham usado o termo “sinodalidade”, vivenciaram seus princípios. Nas Confrarias da Caridade, na Congregação da Missão e na Companhia das Filhas da Caridade, a comunhão, a participação e a missão são destacadas como fundamentos organizacionais e espirituais, antecipando a visão do Concílio Vaticano II.
  • Terceira e última parte: Desafios atuais da Família Vicentina para viver sinodalmente: A Família Vicentina enfrenta o desafio de viver em sinodalidade, centrando sua missão nos pobres e promovendo a participação ativa e igualitária. Ela deve superar as estruturas clericais e promover espaços de formação, reflexão e ação compartilhada, respondendo assim ao chamado do Espírito para ser uma Igreja de comunhão e proximidade..

Terceira parte:
Desafios atuais da Família Vicentina para viver a sinodalidade

O que vimos até este ponto nos faz entender que o carisma vicentino é um dom do Espírito para a Igreja, que coloca Jesus Cristo, como descoberto pelos Fundadores dos nossos ramos, e os pobres no centro de forma inseparável. Isso está claramente expresso nas Constituições das Filhas da Caridade: “Em um olhar de fé, elas veem Cristo nos pobres e os pobres em Cristo[1]. Os Fundadores viveram essa experiência de mudança de vida e se sentiram enviados como Jesus, que “foi enviado para levar a boa nova do Reino aos pobres[2]. Eles também entenderam que, para ajudar em suas necessidades, todos eram necessários na Igreja e fora dela, cada um de acordo com a vocação que havia recebido e com as funções que lhe correspondiam, mas todos iguais como filhos de Deus a serviço daqueles que mais sofrem.

São Vicente e Santa Luísa viveram em seu tempo em uma chave sinodal e souberam como transmiti-la e compartilhá-la com aqueles que se juntaram a eles para caminhar juntos e levar adiante o trabalho que haviam iniciado.

Como vimos, o Papa Francisco atualmente quer avançar em direção a uma Igreja sinodal com tudo o que isso implica. Em muitas ocasiões, ele falou sobre o clericalismo como uma das doenças mais importantes da história do cristianismo, um fenômeno que afeta a todos, consciente ou inconscientemente, padres, consagrados e leigos. Ele nos convidou a recuperar de forma mais consciente a eclesiologia do Concílio Vaticano II, na qual o povo de Deus é a realidade dentro da qual existe uma variedade de ministérios, a fim de superar uma ideia piramidal da Igreja, na qual alguns interpretam, ensinam e mandam, e outros ouvem e obedecem. Na Igreja sinodal, todos somos convidados a ouvir uns aos outros, todos somos incentivados a ser corresponsáveis, todos devemos nos sentir responsáveis por fazer nossa parte.

O carisma vicentino, que, como vimos, nasceu sinodal, se encarnou nas congregações e associações fundadas por São Vicente e Santa Luísa e em outras que, sob sua inspiração carismática, nasceram ao longo da história, formando assim a Família Vicentina. Nós, vicentinos, fazemos parte da Igreja e, neste momento eclesial, somos chamados a viver a sinodalidade como um chamado do Espírito para todos e para cada um em particular. Portanto, do nosso ponto de vista, a Família Vicentina tem alguns desafios pela frente para viver mais sinodalmente hoje, dentre os quais destacamos os seguintes:

Os pobres no centro da missão da Família Vicentina

São Vicente disse às Filhas da Caridade: “Vocês devem pensar que seu principal negócio e o que Deus pede de vocês em particular é que sejam muito cuidadosas em servir os pobres, que são seus mestres. Sim, minhas Irmãs, eles são nossos senhores[3]. Ele disse isso às Irmãs, mas o diria hoje a todos nós que nos chamamos de vicentinos. Para nossos Fundadores, a realidade dos pobres era inequivocamente um chamado de Deus. O Superior Geral da Congregação da Missão, Padre Tomaz Mavrick, na “Reflexão para iniciar a preparação para a celebração do 4º Centenário da Fundação da Congregação da Missão”[4] encoraja os Missionários a recuperar hoje a dimensão profética da CM e diz: “Para recuperar hoje, e colocar em ação o poder profético que a Congregação da Missão teve desde a sua fundação, é necessário aprender com São Vicente a ler os sinais de Deus no grito dos pobres e dar-lhes atenção direta….“e também “as necessidades dos pobres, vistas e ouvidas do Evangelho, são hoje e sempre uma chama que acende o fogo da caridade e nos impele a “sair”, a “estar perto” e “disponíveis” a todos aqueles que o Pai ama com preferência e busca sua salvação“.

Também a Companhia das Filhas da Caridade, na última Assembleia Geral realizada em 2021, faz um apelo para que “nos deixemos perturbar e, como o Bom Samaritano, saibamos sair do nosso caminho para nos aproximarmos com compaixão das vítimas da miséria e da injustiça[5]. O Papa Francisco nos convida repetidamente a sermos uma Igreja Samaritana. Em sua Carta Encíclica “Fratelli Tutti”, ele parte da passagem do Evangelho do Bom Samaritano para nos convidar a “enfrentar todos os dias a escolha de sermos bons samaritanos ou viajantes indiferentes que passam por nós[6].

Para a Família Vicentina, os pobres são a nossa razão de ser e de existir na Igreja e no mundo. E, a partir deles, ela tem um duplo desafio de viver melhor a sinodalidade:

  • Olhar juntos para a realidade da pobreza que milhões de pessoas vivem no mundo, como o lugar onde descobrir a Caridade de Jesus Cristo que nos impulsiona a ir a serviço de todas as misérias humanas existentes. E não somente olhar, mas pôr mãos à obra, caminhando juntos, colocando em comum a riqueza que cada associação vicentina possui, podendo, como São Vicente e Santa Luísa, organizar a ação para atender às necessidades corporais e espirituais das pessoas em situação de pobreza.
  • E o segundo desafio é considerar os pobres como membros da Família Vicentina. Historicamente, esse tem sido o caso. A grande maioria dos membros da Família Vicentina são mulheres, leigos, os pobres, onde o carisma se enraizou desde o início. Hoje, o desafio é dar voz e protagonismo àqueles que, a partir do modelo clerical reinante, em muitas ocasiões não tiveram presença nem participação em uma dinâmica de igualdade. Hoje, na nova forma de ser Igreja, que é a sinodalidade, isso significa viver em fidelidade ao plano de Deus, que quer que todos nós participemos de sua missão. O desafio é dar destaque a muitas pessoas que querem participar da missão da Igreja e que querem fazê-lo de forma ativa e profética. É uma questão de não esquecer a voz daqueles que sofrem com a pobreza e que têm muito a contribuir na busca de soluções.
  • A criação de espaços onde possamos nos reunir para formação, reflexão e busca de respostas aos apelos dos pobres.

A Família Vicentina é uma árvore com raízes profundas, viva, que se expande e cresce cada vez mais. Sua composição é impressionante em termos da origem de seus membros, de todas as origens, nacionalidades, culturas…, de todas as idades, profissões, categorias sociais… e também em termos das formas concretas de viver o seguimento de Jesus: leigos, clérigos, consagrados, novas maneiras de servir. A diversidade é do Espírito e, mesmo que traga consigo dificuldades, é também uma profecia para o nosso mundo.

A Família Vicentina está presente nos cinco continentes e em 161 países em todo o mundo. Tudo isso é uma grande riqueza que possivelmente não é suficientemente explorada.

Para crescermos como Família Vicentina e, consequentemente, avançarmos na sinodalidade, é necessário refletirmos juntos e permanentemente sobre nossa própria espiritualidade. A formação no carisma deve preceder e andar de mãos dadas com tudo o que fazemos.

Nos últimos anos, os diferentes ramos da Família Vicentina têm feito muitos esforços para a difusão e a formação no carisma, tanto de seus membros como das pessoas que colaboram com eles. Por exemplo, a Companhia das Filhas da Caridade, em suas últimas Assembleias Gerais, assume essa preocupação com a formação dos colaboradores, conforme expresso em seu último D.I.A. “Continuar a formação dos colaboradores leigos no carisma, a fim de assegurar o caráter vicentino de nossos serviços e a continuidade dos mesmos, quando for indispensável transmitir os serviços” [7]. Também a Congregação da Missão, em sua última Assembleia Geral, expressou a intenção de continuar a formação dos leigos: “Comprometemo-nos a criar em nossas missões, paróquias e instituições educacionais, aproveitando as oportunidades do mundo digital, centros de formação vicentina, animados por equipes intergeracionais de padres e leigos, e inspirados pela doutrina social da Igreja[8].

Há anos existem em muitos países iniciativas de estudo conjunto e aprofundamento do carisma vicentino. Gostaria de destacar o “Mestrado Vicentino” lançado pela Congregação da Missão que começou em 2021, em resposta a um compromisso de sua Assembleia Geral anterior, no qual membros de diferentes associações vicentinas e diferentes países estão participando com grande dedicação e profundidade, de forma telemática.

Na carta do Superior Geral à Família Vicentina, em 19 de setembro de 2022, ele pediu a “organização de “Centros Vicentinos de espiritualidade e formação” nos diferentes países do mundo onde a Família Vicentina está presente“, onde eles não existem. O Padre Mavrick, nessa circular, fala de passar de uma estrutura de “Família Vicentina” para um “Movimento da Família Vicentina”, no qual todas as pessoas e grupos que têm São Vicente como modelo e patrono de sua ação são reconhecidos, e para isso um meio indispensável é a formação no carisma.

No entanto, reconhecendo a importância vital da formação na espiritualidade vicentina, para crescer na sinodalidade seria necessário criar espaços em todos os níveis onde, além de nos formarmos juntos, celebramos a fé juntos, refletimos sobre a realidade da pobreza próxima e distante e implementamos soluções reais e concretas a serviço dos pobres. Lugares onde ouvimos uns aos outros, a voz de Deus e a voz dos pobres. Lugares onde podemos crescer em fraternidade e comunhão, onde todos nós, na amplidão que caracteriza os vicentinos, colocamos os dons que possuímos a serviço dos pobres.

A “Missão Compartilhada”

No início do Sínodo, em outubro de 2021, o Papa Francisco disse: “No corpo eclesial, o único ponto de partida, e não pode ser outro, é o Batismo, nossa fonte de vida, do qual derivamos uma dignidade idêntica como filhos de Deus, mesmo na diferença de ministérios e carismas. Portanto, todos nós somos chamados a participar da vida e da missão da Igreja. Na ausência de uma participação real de todo o Povo de Deus, os discursos sobre a comunhão correm o risco de permanecer como intenções piedosas.”[9]

O potencial da Missão Compartilhada é inegável. É um convite à empatia, ao fortalecimento das habilidades de comunicação a fim de gerar relacionamentos e vínculos, é uma disposição para colaborar, tecer redes, gerar sinergias, buscar novidades e maneiras de encontrar soluções. Na Igreja e na Família Vicentina, há apenas uma missão que é vivida de muitas maneiras e formas, e é por isso que os talentos, as habilidades e as formas de pensar de todos são necessários.

Desde a década de 1980, o magistério eclesial tem falado sobre a realidade da missão compartilhada. Muitos institutos de vida consagrada têm considerado a possibilidade de compartilhar seu carisma fundamental com os leigos. Entretanto, esse não é o caso do carisma vicentino, que nasceu originalmente “leigo” e depois assumiu diferentes formas vocacionais.

O chamado à sinodalidade que temos hoje em toda a Igreja e, portanto, também para os vicentinos, é um chamado para realmente viver a “Missão Compartilhada” e isso pode acontecer:

  • Conhecer melhor as diferentes filiais e associações
  • Reconhecer, amar e valorizar mais uns aos outros e reconhecer a importância de cada vocação na Família Vicentina.
  • Reconhecer o papel dos leigos na Igreja e na Família Vicentina e, nesse sentido, especialmente nos ramos da vida consagrada, continuar a confiar e delegar a eles as responsabilidades no serviço aos pobres.
  • Fazer revisões de vida juntos para nos ajudar a viver de forma mais coerente nossa vocação vicentina em suas várias formas.
  • Entrar em processos de diálogo construtivo, com honestidade e sinceridade, buscando juntos como continuar a abrir caminhos para servir o Reino, como fizeram São Vicente e Santa Luísa em seus dias.

Místicos de olhos arregalados

Por fim, e não por ser menos importante, mas pelo contrário, o desafio de recuperar ou reforçar o misticismo em nossas vidas, um misticismo que, seguindo o exemplo de Vicente de Paulo, é “de olhos abertos”.

Ela está no centro de nossa vocação e espiritualidade. Nossa vida é uma vida de fé em Jesus Cristo, o Filho de Deus encarnado e presente nas realidades deste mundo, especialmente nos corações e nas vidas dos pobres. É um misticismo que capta o equilíbrio dinâmico da ação e da contemplação.

Os vicentinos, com um olhar de fé, veem Cristo nos pobres e os pobres em Cristo. Os olhos da fé, o olhar contemplativo, são necessários para descobrir a presença de Deus em toda realidade, especialmente e de modo especial nos pobres. É assim que São Vicente diz: “Não devemos considerar um camponês pobre ou uma mulher pobre de acordo com sua aparência externa, nem de acordo com a impressão de seu espírito, pois muitas vezes eles não têm nem a figura nem o espírito de pessoas instruídas, pois são vulgares e rudes. Mas vire a medalha e você verá, com a luz da fé, que esses são os que representam para nós o Filho de Deus, que desejou ser pobre.”[10]

Como bem sabemos, o teólogo Karl Rahner, sacerdote jesuíta, disse certa vez que “o cristão do futuro ou será um místico ou não será um cristão“. Parafraseando-o, poderíamos dizer: “o vicentino do presente e do futuro ou é um místico ou não será nem cristão nem vicentino”.

Bento XVI também afirmou em sua encíclica Deus caritas est: “Não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande ideia, mas por um encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá um novo horizonte à própria vida e, portanto, uma orientação decisiva[11].

Foi dito sobre São Vicente que ele era um “contemplativo em ação”.  O desafio para os vicentinos de viverem a sinodalidade na Igreja hoje é o de serem pessoas profundamente espirituais e profundamente comprometidas com a causa dos pobres. Sinodalidade é viver aberto ao que o Espírito Santo quer em cada momento e, para isso, é essencial cultivar em nossa vida uma mística que nos faça encontrá-lo todos os dias, em cada pessoa e em cada evento.

O padre Celestino Fernández CM, autor do livro “Vicente de Paulo”, certa vez disse: “os fundadores nos transmitiram sua inspiração carismática, nos mostraram o caminho, nos ensinaram o dinamismo e a coragem…; cabe a nós continuar o que eles fizeram, agora somos suas mãos, seus pés, seu coração, sua inteligência, sua audácia e sua criatividade, o futuro do carisma vicentino é nossa tarefa e nossa responsabilidade e só nossa…. Temos que olhar e viver o futuro a partir da profecia, da encarnação na pele dos últimos e da busca ousada de novos caminhos que manifestem a vitalidade perene desse tesouro chamado carisma vicentino“. E sinodalmente fazer tudo isso juntos.

O carisma vicentino tem muito a contribuir para a jornada sinodal para a qual todos nós somos convidados na Igreja hoje. Desde o início, nosso modo de ser e estar é “sair”, caminhar juntos, viver em comunhão, em participação e tudo isso para a missão, a missão de Jesus Cristo, Evangelizador e Servo dos Pobres, que nós, vicentinos, temos a tarefa de continuar em cada momento da história.

Irmã Mª Isabel Vergara Arnedillo, F.C.

Observações:

[1] CONSTITUIÇÕES HC, 10 b.

[2] Lc 4, 18

[3] SVP IX, 120

[4] T. MAVRICK, Reflexão para iniciar a preparação para a celebração do 4º centenário da fundação da CM. 26 de abril de 2023

[5] Documento Interassembleia 2021-27 das Filhas da Caridade, p. 4.

[6] Fratelli Tutti, 69

[7] D.I.A. Company of the Daughters of Charity, p. 13.

[8] DOCUMENTO FINAL XLIII CM ASSEMBLÉIA GERAL, página 4

[9] Discurso do Santo Padre Francisco no Momento de Reflexão para o início do processo sinodal.

[10] SVP XI-4, 725

[11] BENEDICT XVI. DEUS CARITAS EST, 1

 

Planilha do Capítulo 3

Resumo do capítulo:

Este capítulo aborda os desafios atuais para a Família Vicentina no contexto de uma Igreja sinodal, alinhando o carisma vicentino com o ensinamento do Papa Francisco sobre a sinodalidade. Entre os aspectos centrais, ele destaca:

  1. O carisma vicentino e os pobres: O carisma de São Vicente e Santa Luísa coloca os pobres no centro da missão, vendo-os como “senhores” a serem servidos com amor e dedicação.
  2. Sinodalidade na Família Vicentina: Sinodalidade implica caminhar juntos, ouvir e dar destaque a todos, especialmente aos pobres, dentro da Igreja e da Família Vicentina.
  3. Missão compartilhada: O desafio é integrar e dar destaque aos leigos e aos pobres, reconhecendo seus talentos e papéis na missão da Igreja.
  4. Formação e espiritualidade: É necessário cultivar espaços para formação, reflexão conjunta e ação coordenada. É enfatizado um misticismo de “olhos abertos”, inspirado em São Vicente, que combina contemplação e ação em favor dos pobres.

Reflexão para os seguidores do Carisma Vicentino:

O carisma vicentino no mundo de hoje enfrenta o desafio de se adaptar aos novos contextos sociais e eclesiais sem perder sua essência. As aplicações práticas incluem:

  1. Manter o foco nos pobres: O compromisso com os pobres deve guiar todas as ações vicentinas. Isso implica não apenas ajudá-los materialmente, mas também reconhecer sua dignidade e valor como protagonistas na Igreja e na sociedade.
  2. Promover a sinodalidade em nossas comunidades: Em uma Igreja sinodal, a Família Vicentina deve promover espaços de diálogo e corresponsabilidade, onde as vozes de todos sejam ouvidas, especialmente as dos mais vulneráveis. É fundamental que todos os membros, desde os leigos até os consagrados, trabalhem juntos na missão comum.
  3. Fortalecimento da formação: Para que o carisma vicentino seja mantido vivo, é essencial que os vicentinos, especialmente os leigos, recebam formação contínua na espiritualidade e missão vicentinas, garantindo que o espírito de serviço seja transmitido às novas gerações.
  4. Ser “místicos de olhos abertos”: a ação vicentina deve estar enraizada em uma espiritualidade profunda que nos permita ver Cristo nos pobres. Isso requer uma vida de oração e contemplação, mas também um compromisso ativo para transformar as estruturas de injustiça que afetam os mais necessitados.

Perguntas para reflexão em grupo:

  1. Como a sinodalidade pode transformar nossa maneira de viver o carisma vicentino em nossas comunidades locais e globais?
  2. Como podemos garantir que os pobres não estejam apenas no centro de nossa missão, mas também sejam os principais atores dela? Que medidas concretas podemos tomar para dar a eles um papel mais importante?
  3. Que espaços de formação vicentina podemos criar em nossas comunidades para garantir que todos os membros, especialmente os leigos, participem ativamente da missão compartilhada?
  4. Em nosso contexto atual, como podemos equilibrar ação e contemplação em nosso serviço aos pobres, seguindo o exemplo de São Vicente de Paulo?
  5. Que ações concretas podemos tomar para fortalecer o sentido de “Família Vicentina”, vivendo a diversidade como uma riqueza e respondendo juntos aos desafios do mundo de hoje?

 


Clique na imagem abaixo para acessar todas as informações sobre a Segunda Convocação da Família Vicentina, de 14 a 17 de novembro de 2024, em Roma, Itália:

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