No dia 24 de outubro, celebramos a festa de São Luís Guanella

por | out 23, 2024 | Família Vicentina, Formação | 0 Comentários

São Luís Guanella (1842-1915) é uma figura imponente na história da Igreja, não apenas por suas obras de caridade, mas por sua incansável dedicação aos pobres e marginalizados, unindo uma profunda espiritualidade com um trabalho social ativo. Fundador de duas congregações religiosas, a Congregação das Filhas de Santa Maria da Providência e a Congregação dos Servos da Caridade, sua vida e seu legado refletem uma clara influência do carisma de São Vicente de Paulo, centrado em ver Cristo nos pobres e na importância da caridade ativa.

Primeiros anos e vocação sacerdotal

Luigi Guanella nasceu em 19 de dezembro de 1842 em Fraciscio, um pequeno vilarejo nos Alpes italianos. Desde cedo, ele demonstrou um grande senso de compaixão pelos pobres e necessitados, o que se manifestou em seu desejo inicial de se tornar padre. A família Guanella era profundamente religiosa, e isso influenciou a vida de Luigi, que já na juventude participava ativamente das atividades paroquiais e se distinguia pelo seu serviço aos outros.

Em 1866, foi ordenado sacerdote na diocese da cidade de Como e, a partir de então, iniciou uma vida de dedicação aos mais vulneráveis. Os primeiros anos do seu ministério foram marcados pelo seu interesse na educação dos jovens e no cuidado dos pobres. Luís Guanella compreendeu desde o início que a caridade não podia ser uma simples expressão de compaixão, mas devia ser uma ação organizada, constante e sustentada.

Encontro com São João Bosco e influência salesiana

Um dos momentos-chave na vida de São Luís Guanella foi o encontro com São João Bosco. Em 1875, enquanto trabalhava em Como, Guanella passou um período em Turim para conhecer o trabalho de Dom Bosco com os jovens pobres. Esse encontro influenciou profundamente sua compreensão da caridade e da importância da educação na transformação de vidas. Embora Luigi Guanella não tenha ficado muito tempo trabalhando com Dom Bosco, ele adotou muitos de seus métodos e abordagem pastoral, especialmente o amor pelos jovens pobres e abandonados.

Essa experiência o ajudou a desenvolver uma visão mais clara de sua futura missão: não apenas fornecer assistência material, mas treinar pessoas para levar uma vida digna e autônoma. Como Dom Bosco, Guanella acreditava firmemente no poder transformador da educação e da formação cristã.

Fundação das Filhas de Santa Maria da Providência e dos Servos da Caridade

Em 1881, São Luís Guanella fundou as Filhas de Santa Maria da Providência, uma congregação feminina dedicada ao cuidado dos pobres, dos doentes e dos deficientes. Seu carisma era centrado na confiança na providência divina, um conceito profundamente cristão que expressa a crença na intervenção amorosa de Deus na vida humana, especialmente na dos mais necessitados. As Irmãs de Santa Maria da Providência eram conhecidas por seu cuidado com os idosos, os órfãos e os doentes, demonstrando dedicação incondicional e uma profunda fé de que Deus proveria o que fosse necessário para sua missão.

Pouco tempo depois, em 1908, ele fundou a Congregação dos Servos da Caridade, um ramo masculino destinado a expandir o serviço aos pobres. Essa congregação foi inspirada pelo mesmo princípio de caridade ativa, e os Servos da Caridade começaram a se envolver em várias obras sociais, especialmente no cuidado de deficientes físicos e mentais. Como as Filhas de Santa Maria da Providência, os Servos da Caridade viam nos mais vulneráveis a face de Cristo, um princípio também compartilhado pelo carisma vicentino.

A influência de São Vicente de Paulo e o carisma vicentino

Embora Luís Guanella tenha sido muito influenciado por São João Bosco, é impossível não notar as semelhanças e a conexão que a sua missão tem com a de São Vicente de Paulo, o grande apóstolo da caridade. Ambos os santos compartilhavam uma visão semelhante da pobreza, vendo-a não apenas como um problema meramente material, mas como uma situação na qual o próprio Cristo está presente.

São Vicente de Paulo ensinou aos seus seguidores a buscar e servir a Cristo nos pobres, e esse ensinamento ressoa claramente na vida e no trabalho de São Luís Guanella. Tanto em suas congregações femininas quanto masculinas, Guanella insistia que o serviço aos pobres deveria ser realizado com amor e respeito, reconhecendo sua dignidade humana e seu valor como filhos de Deus.

Uma das grandes conexões entre o carisma vicentino e o legado de Luís Guanella é o conceito de “caridade organizada“. São Vicente de Paulo foi o pioneiro na criação de organizações e associações dedicadas ao serviço dos pobres e, da mesma forma, Luís Guanella entendia que a caridade não podia ser uma ação espontânea ou desorganizada. Era necessário que houvesse uma estrutura sólida, uma congregação que garantisse a continuidade do trabalho. Nesse sentido, as duas espiritualidades convergem: a caridade é um dever cristão, mas, para ser eficaz, deve ser organizada e sustentada.

Além disso, como São Vicente, Guanella enfatizou a importância da “humildade” no serviço aos pobres. Não basta ajudar materialmente; é preciso fazê-lo em uma atitude de serviço desinteressado, sem buscar recompensa ou reconhecimento, imitando assim a humildade de Cristo.

A espiritualidade de Luís Guanella pode ser entendida como uma confluência única da espiritualidade dos “santos da caridade”, como São Francisco de Assis, São Vicente de Paulo, São José Cottolengo e São João Bosco, com a espiritualidade dos “santos da contemplação mística”, representados por Santa Catarina de Sena e Santa Teresa de Ávila. Para Don Guanella, uma vida e um espírito de ação e contemplação, simbolizados pelas irmãs Santa Marta e Santa Maria no gótico. Marta e Santa Maria nos Evangelhos, serviram como pedras fundamentais que guiaram e sustentaram o seu ministério de caridade e a sua vida de oração. vida de oração. “Oração e sofrimento” deveriam ser as referências pelas quais ele e seus seguidores deveriam viver ativamente essa espiritualidade. seus seguidores deveriam viver ativamente essa espiritualidade e dar “Pão e o Senhor” àqueles a quem ele servia exemplifica ainda mais esses ideais de ação e contemplação na tradição de São Bento “ora et labora” – “oração e trabalho”.
Serviços Sociais Católicos – Serviços de Retardo Mental (Arquidiocese da Filadélfia) e o Cardinal Krol Center.

Caridade, educação e dignidade humana

Um dos aspectos fundamentais do trabalho de São Luís Guanella foi o seu foco na educação e formação dos pobres. Como São Vicente de Paulo, que também promoveu a educação, especialmente entre as jovens camponesas com as Filhas da Caridade, Guanella viu a educação como uma ferramenta poderosa para libertar os pobres de sua situação vulnerável. Ele fundou escolas, oficinas e centros de treinamento onde os pobres poderiam aprender habilidades úteis que lhes permitiriam melhorar sua situação.

Esse foco na dignidade humana também reflete o carisma vicentino. Para Guanella, cada pessoa tinha um valor infinito, não somente por causa da sua utilidade na sociedade, mas porque cada ser humano é uma criação de Deus. Como Vicente de Paulo, que insistia em tratar os pobres com respeito e honra, Guanella enfatizava a importância de reconhecer em cada pessoa a sua dignidade intrínseca, independentemente da sua condição social ou física.

Trabalho social e expansão internacional

Ao longo de sua vida, São Luís Guanella fundou numerosas casas para idosos, deficientes, órfãos e pessoas em extrema pobreza. Esses centros ofereciam não somente ajuda material, mas também espiritual, seguindo o ensinamento de que o bem-estar espiritual é tão importante quanto o bem-estar material. Em muitos aspectos, os centros fundados por Guanella eram semelhantes aos hospitais e casas de esmolas que São Vicente de Paulo havia estabelecido na França.

O trabalho de Luís Guanella não se limitou à Itália. Sua visão era universal, e suas congregações logo se espalharam para outros países. Durante sua vida, as Filhas de Santa Maria da Providência e os Servos da Caridade abriram casas na Suíça e nos Estados Unidos e, após sua morte, continuaram a se expandir na Europa, América e África. Hoje, as congregações guanellianas continuam a trabalhar com os pobres e marginalizados em todo o mundo, fiéis ao espírito de seu fundador.

Morte e canonização

São Luís Guanella morreu em 24 de outubro de 1915, deixando atrás de si um vasto legado de caridade e serviço. Sua vida foi um testemunho do poder da fé e da providência divina, à qual ele confiou todas as suas obras. Em 1964, ele foi beatificado pelo Papa Paulo VI e, em 2011, foi canonizado pelo Papa Bento XVI.

Sua canonização foi um reconhecimento do profundo impacto que ele teve na vida de inúmeras pessoas, especialmente dos pobres e marginalizados. Como São Vicente de Paulo, São Luís Guanella é lembrado não apenas por sua santidade pessoal, mas por sua capacidade de organizar e mobilizar outras pessoas no trabalho da caridade cristã.

A vida e o trabalho de São Luís Guanella são profundamente marcados por um amor ativo pelos pobres, uma espiritualidade confiante na providência divina e um foco na dignidade humana que ressoa com o carisma vicentino. Embora sua vida tenha sido influenciada por figuras como São João Bosco, sua visão da caridade organizada e sua insistência em ver Cristo nos mais necessitados o conectam intimamente com a espiritualidade de São Vicente de Paulo.

Guanella entendeu que a caridade é mais do que uma ação de compaixão; é um chamado para imitar Cristo, que se tornou pobre entre os pobres, e para trabalhar incansavelmente pela justiça e pelo bem-estar dos mais vulneráveis. Hoje, seu legado vive nas congregações que ele fundou, lembrando-nos de que o verdadeiro serviço aos pobres é um caminho para a santidade.

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