Trecho de um discurso de John Darley na reunião internacional da Família Vicentina em Roma, Itália, de 22 a 24 de janeiro de 2016.
Este artigo de John Darley é uma valiosa ferramenta de reflexão para os Conselhos Nacionais, ramos ou associações da Família Vicentina sobre como aprofundar nossa espiritualidade e viver fielmente a herança vicentina que recebemos.
John Darley, Presidente da Depaul International de 2009 a 2023, trabalhou na Shell International e, depois de se aposentar, envolveu-se em trabalho voluntário no Reino Unido em áreas como reabilitação criminal, apoio aos sem-teto e ajuda internacional. Ele tem experiência em gestão de negócios, um forte entendimento de governança e controle e um grande interesse em mentoria.
A colaboração vicentina, com mais de 350 anos de história, é um exemplo notável de trabalho conjunto a serviço dos pobres, seguindo os princípios estabelecidos por São Vicente de Paulo e Santa Luísa de Marillac. Durante um recente encontro, John C. Darley, da DePaul International, refletiu sobre os fundamentos, formas e desafios da colaboração, oferecendo ideias baseadas em sua experiência na indústria de petróleo e gás e no setor sem fins lucrativos.
Fundamentos Sólidos para a Colaboração
A Família Vicentina construiu uma tradição sólida de colaboração eficaz que vem sendo continuamente renovada. Essa abordagem histórica coloca o desafio de fortalecer ainda mais o trabalho comunitário para alcançar objetivos comuns. A renovação do espírito de colaboração, profundamente enraizado na Família Vicentina, deve avançar de acordo com as necessidades atuais.
Formas de Colaboração
Darley destaca várias formas de colaboração no mundo dos negócios: alianças, joint ventures, consórcios e serviços terceirizados. No entanto, seu objetivo para a Família Vicentina é garantir a clareza e a documentação de todas as formas de cooperação, para que todas as partes compreendam bem o propósito e a estrutura do acordo.
Motivações para a Colaboração
A colaboração na indústria de petróleo e gás é motivada por três fatores principais: o acesso a recursos, a partilha de riscos e benefícios, e a combinação de habilidades e recursos. Darley sugere que esses fatores também podem ser aplicados à Colaboração Vicentina.
- Acesso a recursos: Na indústria, pequenas empresas podem precisar se associar a empresas maiores para explorar recursos. No contexto vicentino, os “recursos” são os pobres e marginalizados que necessitam de apoio. Projetos iniciados por membros da Família Vicentina podem se beneficiar da colaboração para ter um impacto maior.
- Compartilhamento de riscos: No setor de hidrocarbonetos, a partilha de riscos é comum devido ao alto custo da exploração. Para a Família Vicentina, embora o paralelo não seja imediato, a gestão dos riscos associados aos projetos pode ser crucial para o sucesso. Identificar e mitigar riscos desde o início pode prevenir problemas futuros.
- Combinação de habilidades: As colaborações permitem compartilhar conhecimentos e experiências. A Família Vicentina possui diferentes capacidades que, quando combinadas, podem otimizar o serviço aos pobres. Este aspecto da colaboração encontra terreno fértil dentro da organização.
Chaves para uma Colaboração Bem-Sucedida
Darley identifica vários elementos essenciais para uma colaboração bem-sucedida:
- Objetivos compartilhados: É fundamental que todas as partes compartilhem e compreendam os objetivos do trabalho conjunto. Diferentes abordagens podem coexistir, desde que sejam discutidas abertamente e acordadas mutuamente.
- Valores compartilhados: Valores comuns entre os participantes são fundamentais. Dentro da Família Vicentina, esses valores são bem estabelecidos e fornecem uma base sólida para qualquer colaboração.
- Respeito mútuo e humildade: O respeito mútuo e a vontade de ouvir e aprender com os outros são essenciais. Embora isso possa ser um desafio no mundo dos negócios, a Família Vicentina tem uma vantagem nesse aspecto. No entanto, é sempre importante avaliar se a humildade e o respeito são realmente praticados em todas as interações.
Obstáculos à Colaboração
Os obstáculos a uma colaboração bem-sucedida incluem:
- Falta de confiança: A verdadeira confiança não se documenta em papel, mas se constrói através de relacionamentos pessoais. A desconfiança pode minar qualquer esforço de colaboração.
- Exercício de influência: Quando uma entidade assume um papel dominante, as outras podem se sentir marginalizadas. É essencial que todos os participantes tenham a oportunidade de contribuir e influenciar a direção do projeto.
- Objetivos divergentes: Com o tempo, os objetivos dos participantes podem mudar. É importante prever estratégias de saída para manter a harmonia e se adaptar a novas prioridades sem prejudicar os beneficiários.
Diferenças de Engajamento nas Colaborações
Trabalhar com entidades de diferentes tamanhos e capacidades é um desafio constante. A chave está no respeito mútuo e no reconhecimento de que cada entidade traz conhecimentos e experiências únicas. Dentro da Família Vicentina, a colaboração entre grandes e pequenas organizações pode ser especialmente vantajosa se houver uma valorização do entendimento das circunstâncias locais.
Reflexões Finais
Em conclusão, Darley incentiva a Família Vicentina a aproveitar suas forças históricas na colaboração e a estender esses modelos além de seus próprios limites. Colaborar com outras organizações pode melhorar as capacidades e promover os valores vicentinos na sociedade em geral.
A colaboração autêntica é essencial para construir o Reino de Deus na Terra, seguindo o exemplo de São Vicente e Santa Luísa e, finalmente, a mensagem de Jesus Cristo. Trabalhar juntos no serviço aos mais necessitados é uma missão que a Família Vicentina tem realizado por séculos e que deve continuar a fortalecer no futuro.
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