A juventude vicentina, ao longo dos anos, tem procurado se reinventar e se adaptar aos tempos que vive. Os jovens são desafiados a assumir o seu protagonismo e mostrar constantemente o que é ser católico, o que é ser jovem vicentino, principalmente nos períodos de grandes transformações.
Sabemos que quando Ozanam e os amigos deram início às chamadas Conferências de História, a França atravessava períodos turbulentos, de grandes transformações. Podemos dizer que os jovens também estavam passando por grandes transformações intelectuais a partir do momento em que toda a Europa se transformava no epicentro de acontecimentos que influenciariam o mundo. E isso com certeza também influenciou os jovens vicentinos daquela época a assumirem o seu protagonismo.
A juventude de hoje está inserida em grandes acontecimentos que, com toda certeza, serão estudados no futuro por outros jovens. Podemos dizer que estamos vivenciando a história que parece ser cíclica. É curioso pensar que os problemas sociais enfrentados na França de Frederico Ozanam foram os mesmos enfrentados por São Vicente de Paulo, e são os mesmos que hoje nós estamos enfrentando. A fome, a desigualdade, e exclusão, o abandono. Agora, podemos adicionar os problemas sociais relacionados ao racismo, a homofobia, o machismo, a desigualdades social e outras formas de desigualdades que acabaram surgindo com o passar do tempo.
A pandemia da Covid-19 que o mundo tem enfrentado nos trás questões que deveriam ter sido superadas há muitos anos, como é o caso da saúde pública. Infelizmente, foi necessário que um vírus surgisse para entendermos que devemos ser mais solidários uns com os outros, que devemos estar mais perto das pessoas que amamos. Que devemos buscar estar em paz com a natureza e com os animais. Hoje, a juventude tem se mostrado mais consciente e demonstra estar mais aberta ao diálogo, e mais sensível à realidade do mundo. E com a juventude vicentina não pode ser diferente. É necessário realizar ações além daquelas que nós já estamos acostumados a fazer e pensar em novas perspectivas e novas metas a serem alcançadas. Não podemos nos fechar para o mundo quando o mundo está em um grande processo de transformação. Precisamos conquistar espaços, ter voz mais ativa e ser conscientes dos nossos direitos e deveres. É urgente que façamos isso para não nos tornamos vicentinos mornos.
Lembrem-se do que diz em Apocalipse 3:15,16: “Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente!Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca”.
Sejamos os protagonistas da nossa geração. Busquemos nos apoiar uns aos outros e procurar os amigos e amigas que já fizeram parte da nossa família vicentina para nos ajudarem neste período difícil de pandemia. É necessário quebrar o nosso individualismo, esquecer qualquer mágoa, superar os preconceitos e buscar aqueles jovens que tanto fizeram a diferença enquanto estavam atuantes dentro da Sociedade de São Vicente de Paulo.
Todos nós temos as nossas fraquezas, temos as nossas frustrações, pensamos que a vida é injusta e que muitas vezes não temos o reconhecimento daqueles que tanto fazem a diferença em nossas vidas. Esse pensamento é um pouco egoísta, pois esquece que as pessoas que mais fazem a diferença em nossas vidas e são as mais importantes dentro da SSVP, são as nossas famílias assistidas. São elas quem não só reconhecem o nosso trabalho, como também torcem por nós para que continuemos a realizar os nossos trabalhos e possamos ajudar outras pessoas.
Este pobre escritor que lhes escreve esse conjunto de palavras mal-escritas, exprimindo apenas o sentimento e não um português correto, também já se afastou da SSVP, já teve frustrações, já pensou que não fazia diferença alguma dentro do movimento. Mas Deus, em Sua infinita sabedoria, provou-me o contrário. Hoje posso lhes dizer que me sinto mais vicentino do que há 15 anos quando ingressei na SSVP. Sou um jovem menos impaciente, com mais experiências e mais motivado a lutar contra as injustiças sociais. Os jovens vicentinos devem ter a consciência do que provoca a pobreza. Devem entender as causas, as razões e buscar, por meio do seu trabalho enquanto vicentino, promover ações voltadas à causa dos nossos irmãos e irmãs mais necessitados para resgatá-los desse ciclo vicioso chamado pobreza que tanto os afetam.
Neste período de pandemia, a juventude tem sido provocada a estar na linha de frente e assumir grandes responsabilidades. Sabemos que boa parte dos membros da SSVP são pessoas que estão no grupo de risco e cabe a nós jovens vicentinos a missão de ir levar as cestas básicas e atender as inúmeras famílias que hoje precisam do nosso auxilio e nossas orientações. Se no seu Conselho não tem jovens vicentinos, é hora de buscar parcerias com os jovens da Crisma. Converse com o coordenador paroquial para que ele motive os jovens a ajudarem nos trabalhos de entregas de cestas, ou visitas – lembrando sempre que devemos usar máscara, higienizar bem as mãos, manter o distanciamento e realizar a visita do lado de fora da casa – e que ao final dessas visitas, esses jovens possam ser convidados a realizar outras visitas.
Aprendi ao longo desses anos que o que torna uma pessoa vicentina é a VISITA À FAMÍLIA ASSISTIDA. É neste momento que descobrimos a nossa vocação. Se eles sentirem o chamado no peito e desejarem realizar outras visitas, ao final da pandemia, já teremos um (a) novo (a) aspirante a vicentino.
Encerro pedindo ao bom Deus, pela intercessão do Beato Frederico Ozanam e o Beato Pier Giorgio Frassati – dois importantes jovens que assumiram o seu protagonismo e deixaram um grande legado para nós, vicentinos – que sejamos protegidos de qualquer mal, incluindo o físico e o mental. Que Deus nos dê força e coragem para continuarmos a nossa missão firmes e fortes na Fé.
Confrade Sidney Batista França,
Conf. São Pedro – Jacaraípe-ES,
Coord. CJ CC de Vitória.
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