Um dos maiores desafios para as Conferências Vicentinas é, sem dúvida, não deixar a rotina e a mesmice invadir o seio do grupo. É fato que, lamentavelmente, muitas unidades vicentinas perdem o entusiasmo e correm o sério risco de serem desativadas. Por isso, é necessário que os dirigentes vicentinos – sobretudo estes – estejam sempre motivados a trazerem elementos novos para a Conferência, fazendo com que os confrades e consócias não se acomodem.
A Leitura Espiritual, cuja escolha é tarefa privativa do presidente, deve ser revestida das seguintes preocupações: que o texto a ser lido traga algum conhecimento novo aos membros da Conferência, que o debate será produtivo e que varie de temática, revezando entre temas sociais, vicentinos e religiosos. Outra iniciativa que pode ser útil é a distribuição da pauta da reunião, na qual os vicentinos têm uma idéia dos assuntos que serão tratados, podendo melhor se preparar para tomar decisões. O uso do e-mail também tem se mostrado grande colaborador dos presidentes na condução dos trabalhos da Conferência. Por correio eletrônico, os integrantes da Conferência podem trocar idéias durante a semana, compartilhar tarefas, manifestar opiniões e melhor se preparar para as visitas domiciliares.
Durante as reuniões da Conferência, pode-se inovar com a introdução de cânticos, no início e no encerramento, sem ferir a ordem da sessão prevista na Regra. Pode-se pedir que, em sistema de rodízio, a saudação aos visitantes (candidatos a confrade ou a consócia) seja feita por diferentes membros. Na divisão das tarefas, cabe também ao presidente indicar quem fará o quê na semana que entra, dando oportunidade a todos.
Aos jovens, é recomendável que recebam missões em que se sintam úteis e participantes do futuro da SSVP. Muitos jovens deixam as fileiras da SSVP porque suas idéias batem de frente com a mentalidade ultrapassada de muitas Conferências. Deixemos o jovem falar. Deixemos o jovem experimentar a beleza que significa ser vicentino. Nem todas suas propostas são viáveis, mas os deixem expor suas idéias e pensamentos. Sem a juventude, as Conferências não se renovam e a SSVP envelhece velozmente.
Nas ações, projetos e iniciativas junto aos assistidos, especialmente as visitas semanais, os confrades e consócias devem evitar que tais atos sejam ritualistas, mecânicos e previsíveis. É preciso que, na Escola de Capacitação Antônio Frederico Ozanam (Ecafo), os vicentinos sejam estimulados a criar, pensar, propor coisas novas, inovar, sonhar e não ter receio de opinar. Pois só assim seremos servos úteis para a causa do Evangelho.
Todas essas recomendações ajudam a manter bem longe a monotonia do seio da SSVP. Não podemos deixar que nossas reuniões semanais, nossos eventos de espiritualidade e nossas reuniões de Conselho se tornem enfadonhas. A criatividade nas Conferências fará com que, a cada reunião, tenhamos renovado ardor em ser vicentino e, assim, vontade em trazer mais companheiros para esta maravilhosa entidade. O número de Conferências crescerá e, assim, poderemos assistir um maior número de famílias.
Enfim, ser criativo significa ter a capacidade criadora, inventiva, engenhosa. Uma das características de um bom presidente de Conferência é justamente essa qualidade ou faculdade de inventar, de criar, de inovar, colocando seu talento e dos demais membros à disposição da SSVP e em prol das famílias assistidas. São Vicente de Paulo já dizia: “O amor é inventivo até o infinito”. João Paulo II reeditou essa frase da seguinte maneira: “É chegada a hora de uma nova imaginação para a prática da caridade”.
Renato Lima de Oliveira
16º Presidente Geral da Sociedade de São Vicente de Paulo
0 comentários