De 30 de outubro a 2 de novembro, a Cidade do Panamá abriu os braços aos palestrantes e aos(as) Presidentes Nacionais da SSVP da América do Sul, América Central e Caribe, aos quais se juntaram delegações dos EUA, Canadá, Espanha e Portugal.

O encontro fraterno realizou-se na Casa de Retiro Monte Alverna, situada na Cidade do Panamá, sob o lema “Levando Esperança”. O Panamá tornou-se o cenário ideal para viver uma experiência de oração, reflexão e fraternidade, fortalecendo a unidade na missão por meio da aprendizagem e do trabalho partilhado. Foram quatro dias intensos e fecundos, que reafirmaram a certeza de que a caridade vicentina, vivida com profissionalismo, ternura e espírito evangélico, continua a ser um sinal de esperança para o mundo.

Cerimônia de Abertura

O ato foi conduzido por Fausto Batista, Vice President Territorial International (VPTI) para a América 2. Inés Bares, Presidente do Conselho Nacional do Panamá, situou-nos na história do Encontro Ibero-Americano, na trajetória da SSVP panamenha e no trabalho que a SSVP realiza no país através de suas diversas obras sociais: visitas domiciliares, visitas a pessoas privadas de liberdade, distribuição de alimentos e medicamentos, implementação de oficinas de formação, oficinas de costura e o clube de plantas medicinais. A Presidente recordou que cada uma dessas iniciativas nasceu para responder a uma necessidade concreta e manter vivo o espírito vicentino na sociedade panamenha.

O President General International (PGI) dirigiu palavras calorosas de boas-vindas, destacando a importância da formação e enfatizando que “a SSVP é um grupo de amigos; uma única Conferência que se move pelo mundo.”

Essas palavras seriam o prelúdio do espírito que acompanharia todo o encontro. Em seguida, ocorreu a estreia da canção “Iberoamérica Vicentina”. Composta especialmente para o evento, conseguiu colocar todos os participantes de pé e encher a sala de alegria e de “ritmo partilhado”.

“Ontem e hoje, fiéis ao legado dos nossos fundadores”

Na sua mensagem inaugural, o PGI destacou que a formação deve ser um pilar fundamental da missão vicentina. Em primeiro lugar, referiu-se à formação espiritual, pois “é a alma do nosso serviço na esperança”, e é o que nos impede de nos tornarmos meros administradores da caridade e, portanto, de cairmos na secularização. Em seguida, citou as palavras do Venerável Santiago de Masarnau, fundador da Sociedade de São Vicente de Paulo na Espanha: “Se as Conferências se limitarem apenas ao socorro material, as Conferências desaparecerão, não aos olhos dos homens, mas aos olhos de Deus.”
Em segundo lugar, afirmou que também precisamos de formação em capacitação, uma vez que nos é exigida formação em gestão de recursos que seja transparente e eficiente: “Administrar bem os recursos, prestar contas com honestidade, planear com visão, também é uma forma concreta de amar. A caridade e as boas práticas fortalecem-se mutuamente.”

Por fim, convidou os presentes a renovar o seu compromisso espiritual e organizativo neste ano jubilar, porque a caridade, nas palavras de Ozanam, consiste em “tratar os necessitados como iguais para aumentar o compromisso social e transformar toda a sociedade.”

Ao longo dos dias, sucederam-se diversas conferências sobre liderança, espiritualidade, comunicação e governança, ministradas por palestrantes de diferentes regiões. Assim, a Irmã Ellen Marie Hagar, D.C. (EUA) (FAMVIN International), abriu os trabalhos com o tema “Liderança Servidora na Perspectiva de São Vicente e Frédéric Ozanam”. Ralph Middlecamp (EUA), Vice President General do CGI, apresentou “A SSVP ontem e hoje: Mantemos o espírito legado pelos fundadores?”, na qual reforçou a importância do espírito dos sete fundadores, mencionando a biografia de cada um deles e procurando enfatizar as suas virtudes e características.

Althea Graham (EUA), VPTI América 1, apresentou a conferência “Trabalho em Equipe: Desenvolvendo uma Nova Liderança para a SSVP”, baseada no modelo de liderança servidora e focada nos desafios do tempo presente, especialmente na gestão de uma obra socioespiritual como a SSVP. Julio César Marques de Lima (Brasil), Vice President International para Estrutura e Projetos Especiais do CGI, apresentou “Estrutura de Serviço e Governança”, explicando o funcionamento da estrutura internacional e da Confederação, destacando a importância dos Conselhos Nacionais para toda a SSVP e indicando as responsabilidades que um(a) Presidente Nacional deve assumir.

Edgardo Fuentes (Honduras), Delegado da Juventude da América 2, abordou o tema: “O Papel da Juventude Vicentina na Liderança da SSVP”. Iniciou a sua intervenção perguntando o que significa ser um jovem vicentino, destacando que a SSVP foi criada por um grupo de jovens e, portanto, a sua integração e acompanhamento devem ser um objetivo estratégico da instituição. Também anunciou o que foi aprovado em Roma: o Programa de Intercâmbios de Jovens Vicentinos. O programa conta com 25.000 euros que o PGI, após consulta ao Board, destinou a partir do prêmio que a SSVP acaba de receber na Espanha.

Sebastião Ribeiro (Brasil), VPTI América 3, falou sobre “Revitalização das Conferências Vicentinas” e explicou em detalhe as principais partes do Guia “Revitalização das Conferências”. Renato Lima (Brasil), XVI PGI, abordou o tema “Comunicação: De que Estruturas Precisamos?”. Na sua exposição, tratou dos seguintes aspetos: a importância da comunicação, comunicação interna e externa, desafios da comunicação, estruturas necessárias e uma possível proposta de Plano de Comunicação, Marketing e Publicidade. O palestrante fez um diagnóstico dos meios utilizados pelos Conselhos Nacionais e, no final, apresentou as condições essenciais para melhorar e fortalecer a comunicação a nível nacional.

Fausto Batista (República Dominicana), VPTI América 2, desenvolveu “Planejamento Estratégico de um Conselho Nacional”, defendendo que o plano estratégico indica o caminho a seguir por uma organização, baseando-se nos recursos humanos, técnicos, económicos e operacionais.

Wendy Fuentes (Honduras), Delegada do Conselho Geral responsável pelas relações com a Família Vicentina Internacional, com sede em Filadélfia (EUA), e com a Família Vicentina da América Latina (FAVILA), apresentou “Família Vicentina na América Latina: Tecendo Laços de Esperança”, defendendo que “o objetivo da FAMVIN é manter viva a chama do serviço e da caridade herdada de São Vicente de Paulo, levando este carisma a todos os Ramos vicentinos.”

John Berry, Presidente Nacional da SSVP EUA, apresentou “Nossa Identidade: O Ministério de Pessoa para Pessoa”. Berry realizou uma apresentação muito espiritual, repleta de citações e passagens bíblicas relacionadas com os princípios fundamentais da SSVP. Para ele, a nossa identidade possui elementos que nos distinguem de qualquer outra entidade, como o contacto pessoal com os que sofrem, o nosso envolvimento, amor pelo serviço e espiritualidade. “Somos chamados a ser companheiros dos pobres centrados em Cristo, portadores de esperança em meio à mudança e testemunhas de uma caridade que é sempre pessoal, sempre espiritual e nunca simplesmente transacional.”

Por fim, o President General, Juan Manuel B. Gómez, encerrou os trabalhos com “Novas Necessidades para Desenvolver a Liderança na SSVP”, incentivando a “continuar sendo audazes, a nos formarmos e a olhar com esperança para o futuro da Sociedade.” Também apresentou algumas possibilidades para o crescimento e promoção do voluntariado: aumentar os geminações (twinning), rever a comunicação, promover um Dia da SSVP em cada país para dar mais visibilidade, explorar atividades que possam ser assumidas, como lojas de caridade, visitas a hospitais, lares de idosos e pessoas em situação de rua, etc., e concluiu mencionando a próxima criação da Fundação Global para cofinanciar as estruturas nacionais e alguns projetos, assim como futuras iniciativas de cooperação.

Além disso, as sessões de perguntas e os trabalhos em grupo consolidaram uma dinâmica de aprendizagem mútua e de planejamento estratégico..

A Voz de Cada País, uma Rede de Esperança

Um dos momentos mais emocionantes do encontro foi a apresentação por países, feita pelos(as) Presidentes Nacionais, comentando as suas atividades, fragilidades e fortalezas.

Participaram presencialmente do Encontro 36 países, a grande maioria dos países onde estamos presentes, uma vez que alguns não puderam comparecer devido a questões de visto.

Fé, Cultura e Encontro

Diariamente, os participantes tiveram a oportunidade de participar da oração da manhã e, no sábado, dia 1º, “Dia de Todos os Santos”, puderam partilhar uma Eucaristia presidida pelo Padre José Fitzgerald, C.M., uma celebração calorosa e simples, na qual foi possível sentir o espírito fraterno e afetuoso de todos os membros.

Também desfrutaram de um city tour, durante o qual visitaram três símbolos da identidade panamenha: o Canal do Panamá, a Catedral-Basílica Santa María la Antigua e a Igreja de São José.

O dia terminou com um espetáculo artístico de danças típicas e trajes regionais, uma celebração viva da cultura panamenha e da alegria vicentina que nos irmana para além das fronteiras.

No encerramento do dia, a Presidente do México, Gladys Herrera, propôs que o próximo Encontro Ibero-Americano se realize, se Deus quiser, no México.

Agradecimentos

O Conselho Geral Internacional deseja expressar os seus mais sinceros agradecimentos ao Conselho Nacional do Panamá pela sua hospitalidade, dedicação e calor humano. De modo especial, à sua Presidente, Inés Bares, pela sua proximidade e impecável organização, e aos queridos membros Argelys Vega, Mixila Ramírez, Bruno Batista, Carson Dolan, Janette Deckel, Isaac Ríos, Mariana Peña, Alejandra Duclías e Katterina Guerra.

O seu reconhecimento vai também para Fausto Batista, VPTI para a América 2, pela sua incansável dedicação na coordenação do encontro e pelo seu excelente trabalho como mestre de cerimônias, bem como para os membros dominicanos Lorenzo Alejo, Mayra Marte e Verónica Correa. Obrigado por este maravilhoso encontro..

Fonte: https://www.ssvpglobal.org/