Projeto “13 Casas” para o Jubileu da Esperança n.º 6 – Chile
Na cidade de Viña del Mar, surgiu o Acampamento Nações Unidas, um assentamento composto principalmente por famílias migrantes. Após o incêndio devastador de fevereiro de 2024, essas famílias ficaram sem casa, mas não perderam a esperança. Acompanhadas pela Família Vicentina e pela Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, um novo capítulo começou: a reconstrução.
A partir desse espírito de solidariedade, nasceu o “Pequeño Refugio” (que significa Pequeno Refúgio). Trata-se de uma iniciativa do Projeto “13 Casas” para o Jubileu, que visa proporcionar um espaço seguro e digno para crianças menores de 10 anos. O projeto permitirá que seus pais voltem ao mercado de trabalho, reconstruam suas finanças e recuperem a dignidade em suas vidas. O centro contará com áreas de lazer e salas de estudo, todas projetadas para oferecer cuidados holísticos que atendam às necessidades físicas, emocionais e sociais. Uma cozinha comunitária também faz parte do apoio oferecido pela FV, promovendo a responsabilidade compartilhada e a alimentação na comunidade. O projeto foi desenvolvido com uma abordagem sistêmica, modular e sustentável, considerando tanto o presente quanto o futuro dessa comunidade.
As vozes daqueles que lideram e vivem o projeto refletem seu impacto.
Ana María Jara, coordenadora do projeto, compartilha:
“No ‘Pequeno Refúgio’, tenho a bela tarefa de acompanhar e coordenar os passos que damos como comunidade. Minha missão é garantir que este projeto cresça de forma holística e, com a Família Vicentina, moldar as atividades que o sustentam dia após dia.
O que me motivou a estar aqui foi uma convicção muito profunda: acreditar que, ao criar um espaço seguro e acolhedor para as crianças, também se abre uma porta para que suas mães trabalhem, sonhem e construam uma vida mais plena para suas famílias. É isso que me motiva: fazer parte de um lugar onde a esperança se transforma em ação e os sonhos começam a tomar forma.”
Refletindo sobre os desafios, ela compartilha:
“O maior desafio foi despertar esse sentimento de pertencimento na comunidade, ajudar cada família a perceber que este projeto não é somente um lugar, mas uma oportunidade de crescermos juntos. Decidimos abrir as portas, sentar e conversar com as mulheres da casa. Em cada encontro, não compartilhamos apenas informações; compartilhamos esperança, ferramentas e confiança para cada mulher poder descobrir sua força e seu valor. O ‘Pequeno Refúgio’ deixou de ser ‘um projeto’ e se tornou uma comunidade viva.”
Falando sobre o impacto do projeto, ela acrescenta:
“A implementação do projeto acendeu uma faísca, porque não se trata apenas de construir espaços. Trata-se de abrir caminhos para o desenvolvimento holístico. Aqui, as crianças encontram um lugar seguro para crescer e sonhar, e os pais descobrem a possibilidade de trabalhar e criar novas oportunidades para o seu futuro.”
“Levantar um projeto no meio de um assentamento, muitas vezes composto por famílias migrantes que chegaram em busca de esperança, é como construir uma ponte onde antes havia barreiras.
Mas o mais bonito deste projeto é que ele não caminha sozinho: ele nasce do esforço conjunto da Família Vicentina e das famílias do bairro. E nessa colaboração, algo profundo acontece. Pouco a pouco, deixamos de ser “eles e nós” e nos tornamos uma comunidade: sonhando juntos, trabalhando juntos e cuidando uns dos outros.”
Ela também compartilha alguns dos momentos mais significativos:
“O vínculo que construí com as famílias é muito forte. Para compreendê-las verdadeiramente, tive que entrar no mundo delas, ouvir suas histórias, compartilhar seus dias…”
“Foi então que compreendi algo essencial: que o verdadeiro sucesso do projeto não depende de uma pessoa ou de uma ideia, mas do que construímos juntos. Porque quando nos unimos, cada passo deixa de ser pequeno e se torna uma mudança real.”
E ela conclui com uma mensagem clara:
“O impacto mais profundo deste projeto reside na forma como abriu as portas do cuidado e da proteção às crianças em comunidades que enfrentam grande vulnerabilidade. Serviu como uma ponte, promovendo a integração das famílias migrantes e construindo lentamente uma comunidade mais unida, consciente e cheia de esperança.”
“Nunca devemos perder de vista a importância da melhoria social ou o valor de ousar, sonhar e desenvolver projetos missionários com impacto a longo prazo. Quando existe uma vontade genuína e uma Família Vicentina comprometida em trabalhar com a comunidade, nenhum desafio é impossível.”
A partir da experiência vivida: testemunho de uma beneficiária
Lorena Shirley Lozada Murillo, mãe e beneficiária do projeto, compartilha sua história:
“Olá, meu nome é Lorena Shirley Lozada Murillo, tenho 44 anos e sou colombiana. Tenho uma filha chamada Danna, que tem 6 anos. Vim para o Chile há 14 anos em busca de uma melhor qualidade de vida”.
Sobre os momentos mais difíceis após o incêndio, ela diz:
“O maior desafio com nossos filhos após o incêndio foi o trauma. Saber que perdemos tudo, não estar em um lugar estável, passar algum tempo no abrigo e depois algum tempo na comunidade, no frio, sem eletricidade, sem água para ir à escola… mas bem, estamos superando tudo isso.”
Ao saber do projeto, ela sentiu uma esperança renovada:
“Descobrimos o projeto através da Família Vicentina. Eles vieram à nossa comunidade para nos ajudar a reconstruir nossas pequenas casas após os incêndios. Eles perceberam que as crianças não tinham onde passar o tempo livre e as mães não podiam trabalhar.
Foi então que, após várias reuniões e visitas, este projeto nos foi apresentado. Achamos excelente, realmente ótimo, porque beneficiava a todos. Permitia que várias mães fossem trabalhar enquanto outras ficavam cuidando dos pequenos. Acreditamos que foi o melhor projeto dado à nossa comunidade para nossas crianças.”
Sobre o seu impacto na vida cotidiana:
“O projeto 13 Casas deixou uma marca em todos nós, porque agora temos um lugar muito seguro para nossas crianças ficarem enquanto as mães trabalham. Isso foi uma bênção para toda a comunidade.”
E olhando para o futuro:
“Meu sonho para nossas crianças com este projeto é aprender mais sobre cuidados infantis, continuar crescendo para podermos ensiná-las, porque algumas crianças ainda não podem ir à pré-escola devido à falta de vagas. E se nós, como mães cuidadoras, continuarmos crescendo, poderemos ensinar muito mais a esses pequenos.”
Por fim, ela compartilha uma mensagem para aqueles que enfrentam situações semelhantes:
“Tenham muita fé e acreditem em Deus, porque ainda existem pessoas boas que se preocupam com os outros. Acredito que somos muito abençoados por todos, graças à Família Vicentina, porque sem eles não teríamos este projeto. E para aqueles que possam estar passando por algo semelhante ao que passamos, não percam a fé. A bênção chegará a qualquer momento. Obrigado por tudo.”
O projeto “Pequeno Refugio” não é apenas um edifício: é um ato de amor coletivo. Ele reflete uma comunidade que se levanta, se organiza, se apoia mutuamente e ousa sonhar. Onde antes havia cinzas, hoje cresce um espaço de cuidado, conexão e transformação real.
Doe e faça a diferença!










0 comentários